A rota para alcançar o zero. Esta é a tradução literal do ambicioso programa de sustentabilidade da unidade do Reino Unido e Irlanda da PepsiCo – segunda maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. Lançado em 2008, o Path to Zero pretende, dentre outras metas, eliminar o uso de combustíveis fósseis em toda a sua cadeia produtiva até 2023.
Desde o início do plano, algumas reduções foram alcançadas: 14,6% no consumo de água; 0,5% na emissão de gases estufa; 71% em resíduos e 4,1% em energia. No segundo relatório de sustentabilidade da unidade, divulgado em janeiro, algumas metas deste programa foram revistas para que a trajetória rumo à “isenção ambiental” seja trilhada de forma concreta. “Essa abordagem não é simplesmente altruísta. Construir a sustentabilidade e a saúde em nosso DNA corporativo desenvolve uma estratégia de longo prazo. Negócios sustentáveis podem cortar custos, incentivar a inovação, reduzir riscos e motivar colaboradores. E também podem ajudar nossos consumidores de varejo a aumentar sua lealdade de consumo”, afirmou Richard Evans, presidente da unidade PepsiCo do Reino Unido e Irlanda, durante lançamento do documento.
A subsidiária em questão emprega mais de cinco mil funcionários e conta com 18 fábricas na região. Por conta desta grande presença, os planos ambientais são agressivos. A segunda fase do Path to Zero atuará em quatro áreas: mudanças climáticas, agricultura, uso da água e impacto do produto. Para a grande redução do uso dos combustíveis fósseis, principal meta da empresa, será preciso incrementar em 14% o uso de fontes renováveis de energia em um prazo de três anos. Hoje, a unidade tem 20% de sua energia oriunda de fontes renováveis. Esse aspecto é importante para a visão global da companhia, já que, nos Estados Unidos, a PepsiCo anunciou investimento de mais de US$ 30 milhões até 2013 para o desenvolvimento de projetos de energias renováveis, como a eólica e a biomassa.
A maior fábrica de batatas chips da PepsiCo global fica em Leicester, no Reino Unido, assim como uma grande indústria de aveia Quaker, na Escócia. Portanto, a questão do cultivo das matérias primas é peça importante na equação do plano ambiental. Para a produção de seus três principais produtos – batatas chips da marca Walker, aveia Quaker e suco de maçã Copella – a Pepsico cultiva um bom relacionamento com cerca de 350 fazendeiros. Em 2009, foram produzidas 370 mil toneladas de batatas inglesas, 76 mil toneladas de aveia e 29 mil toneladas de maçãs. Para atingir a meta 50 em 5, estabelecida como a redução da emissão dos gases estufa e do uso da água em 50% até 2015, será necessária a parceria com estes colaboradores para a capacitação de práticas agrícolas sustentáveis.
A PepsiCo firmou acordo com a União Nacional dos Fazendeiros do Reino Unido, para o alcance das metas estabelecidas. Além disso, atuará em conjunto com o Serviço de Conselho em Desenvolvimento Agrícola, para investigar as melhores práticas acerca da sustentabilidade agrícola; com o Inglaterra Natural, para o aumento da preservação da biodiversidade onde as fábricas estão localizadas; com a Universidade de Aberdeen, para a criação do Cool Farm Tool, ferramenta que medirá a emissão dos gases estufa nas atividades agrícolas cotidianas; e com o Carbon Disclosure Project, para o compartilhamento dos índices de emissões e as melhores práticas com outras indústrias, dentre outras ações.
No que se refere ao uso da água, a intenção da unidade é zerar o consumo no processo produtivo. Isso seria possível com a utilização em larga escala de uma tecnologia capaz de remover água das batatas usadas na produção das chips. O VP de Operações, Walter Todd, explica: “cerca de 80% da composição da batata é água. Antes, essa água era perdida durante o processo de cozimento, mas agora estamos desenvolvendo um processo para capturar essa água e utilizá-la para lavar as batatas antes de serem cozidas”. Com relação ao produto final, a empresa assumiu o compromisso para que todas as embalagens sejam recicláveis ou compostáveis até 2018. Hoje, a embalagem de somente uma categoria de produto, a Sun Chips, é 100% compostável.
Abordagem global da Pepsico
O conceito de atuação da PepsiCo está baseado na “performance com propósito”, o que significa “entregar crescimento sustentável ao investir em um futuro saudável para a população e o planeta.” Para realizar isso, suas ações estão baseadas em um negócio comprometido com quatro questões fundamentais: água; terra e embalagens; mudanças climáticas, e relacionamento com as comunidades. O caminho para o zero apoia todas essas ambições, mas considera circunstâncias específicas de negócio no Reino Unido e Irlanda.
Com relação à água, a meta global da PepsiCo é aumentar a eficiência do uso do insumo em 20% por cada unidade de produção até 2015, além de oferecer água potável para três milhões de pessoas em países emergentes até o mesmo período. Para a terra e embalagens, a intenção é incorporar no mínimo 10% de PET reciclado às embalagens das bebidas produzidas; criar parcerias que promovam o aumento da reciclagem de embalagens em 50% até 2018, e reduzir o peso do lixo oriundo das embalagens em 350 milhões de toneladas até o fim de 2012. Na questão das mudanças climáticas, a proposta é aumentar a eficiência energética da produção em 20% por unidade até 2015 e reduzir a emissão dos gases estufa em 25% até 2015, de toda a rede. No relacionamento com as comunidades, a aplicação de práticas sustentáveis nas fazendas parceiras, além do oferecimento de suporte técnico e educação ambiental para treinamento dos fazendeiros, são as principais ações.
Sustentabilidade é atitude norteadora
A PepsiCo é reconhecida por colocar a sustentabilidade como sua principal bandeira. O projeto Pepsi Refresh, em que US$ 20 milhões foram investidos em projetos socioambientais que contaram com a colaboração de outros públicos, é um dos exemplos. A edição 2011 deve ser lançada em abril.
Outro caso é o Eco-Challenge, desenvolvido pelo segundo ano pela unidade brasileira da PepsiCo, em parceria com a Young Americas Business Trust (YABT), ONG que atua em colaboração com a Organização dos Estados Americanos (OEA). Trata-se de um concurso que pretende estimular a consciência sobre a preservação do meio ambiente. Os participantes podem criar um projeto social ou empresarial baseado nos desafios da conservação da água e o vencedor ganhará R$ 5 mil, além de ter sua ação concretizada.
* Esta reportagem foi publicada originalmente no portal Com:Atitude, da Edelman Significa, e agora no Mundo do Marketing de acordo com parceria que os dois portais mantêm.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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