Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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Carvão e poluição de coquerias : A coisa tá preta em Urussanga-SC /// Ecodebate

artigo de Ana Echevenguá


[EcoDebate] Na semana passada fui, com a Miss Ecologia SC 2010, fotografar a paisagem lunar do interiorzão de Urussanga. Izabel Rodrigues mostrou-me um pouco da destruição praticada pelos ‘Senhores do Carvão’. Um horror! A céu aberto, comprovei a afirmativa do professor Gerson Philomena: “A máquina Marion arrasou uma mata atlântica riquíssima, de uma biodiversidade rica e intensa. Alguns até poderiam considerar bonito na época a retirada de árvores frondosas inteiras. Retirava a natureza, para retirar o carvão”1.

Arrasou e, até hoje, não recuperou!
Puxa, os moradores de Urussanga não padecem somente com o lixão do CIRSURES. Eles enfrentam a poluição constante de duas coquerias (indústrias com vários fornos que transformam carvão mineral em coque, matéria-prima da produção do aço).

Pelo relato dos moradores, as empresas continuam trabalhando na ilegalidade. Jogam substâncias quentes nos rios, seus filtros não seguram o pó de carvão, o tráfego intenso dos caminhões provoca rachadura nas casas…

Essas coquerias funcionam por força de um TAC – Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta -, acordo assinado com o MPF, a FATMA e o DNPM, em 2006.

Mas, TAC sem fiscalização dá nisso: o crime ambiental continua porque ninguém faz o que devia fazer. O delinqüente não altera a sua conduta criminosa; e a autoridade não fiscaliza. Quando cobrada, vem com a desculpa da falta de servidores em seu quadro funcional, falta de verba, falta de gasolina pra se deslocar, …

E, se o bandido é denunciado, nem esquenta a cabeça: pede prazo pra fazer o que já deveria ter feito. E começa com aquela choradeira: apela pro aspecto social dos empregos que fornece aos moradores da região, fala dos impostos que recolhe pros cofres municipais, e outras abobrinhas…

Aí, tudo acaba em pizza. Ou melhor, em novo TAC.
Conhecendo melhor a realidade de Urussanga, acho que o morador não tem escapatória: ou ele arregaça as mangas e luta pelo seu direito à saúde, à sadia qualidade de vida, a viver com dignidade ou terá que achar outro lugar pra morar.

Mas, se quiser brigar, precisa começar agora! Exigindo que as autoridades cumpram suas obrigações e fechando os ouvidos pras promessas dos politiqueiros.

1 -http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000026/000026E2.pdf

2 – http://www2.prsc.mpf.gov.br/conteudo/servicos/noticias-ascom/ultimas-noticias/coqueria-e-interditada-no-sul-do-estado-criciuma


Ana Echevenguá, advogada ambientalista, presidente do Instituto Eco&Ação e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: http://www.ecoeacao.com.br.

EcoDebate, 19/05/2010

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