Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
Muitos desafios estão pela frente no Brasil no ano que se inicia.
O primeiro está na definição de caminhos eficientes para que o país reduza suas emissões de poluentes que contribuem para mudanças climáticas. Já estamos entre os cinco maiores emissores no mundo, com mais de 10 toneladas anuais por habitante. E cientistas temem que facilidades abertas pelo novo Código Florestal possam intensificar essas emissões, já que o desmatamento, queimadas e mais ocupação de áreas pela agropecuária são responsáveis aqui por quase 60 por cento das emissões.
Na mesma direção, será preciso cuidar para que o esforço de aumentar a produção de alimentos se faça de forma racional, sem comprometer recursos. O mundo se preocupa em produzir mais alimentos para atender a uma população que em 40 anos chegará pelo menos a 9 bilhões de pessoas. Mas já estamos consumindo mais recursos do que o planeta pode repor, aumentando a desertificação e os problemas com a água, esgotando recursos minerais.
Outro desafio está na concepção e execução de planos diretores para as nossas grandes cidades, que se afogam em problemas de transporte, poluição, violência, falta de saneamento, desperdício de água. Não é possível continuar concedendo incentivos fiscais para mais veículos que entopem as ruas e poluem. Eles já são 40 milhões. Não dá para continuar impermeabilizando o solo e agravando as inundações. Não faz sentido continuar desperdiçando, em redes sem conservação, mais de 40 por cento da água que sai das estações de tratamento. Só há poucos meses se concedeu, afinal, um primeiro financiamento para reparação de redes. Mas também é animador que se tenham aumentado os recursos federais para implantar cisternas de placa no semi-árido - elas é que são o bom caminho. Como é a proibição de financiamentos para construir casas em ruas sem redes de saneamento.
Nosso atraso é muito grande nessa área, precisamos investir muito.
Também é decisivo que o Brasil continue no caminho da implantação de sistemas de energia renovável. Como os parques eólicos, que já produzem energia a preço menor até que o das distribuidoras de energia elétrica. Ou painéis solares. Ou usinas de produção de energia a partir de biomassas. Mas não faz sentido continuar a implantar usinas a gás e a carvão - estas, as que mais poluem. Nem é preciso avançar com hidrelétricas problemáticas na Amazônia. Ou novas usinas nucleares. Melhor será ampliar os programas de conservação e eficiência energética, que podem reduzir muito o consumo, sem prejuizo para a sociedade.
Finalmente, é preciso destinar recursos para projetos de cooperativas de catadores de resíduos. Para que eles ampliem sua atividade tão importante para a sociedade. E possam vier a ter usinas em que processem o lixo.
Há muito a fazer no novo ano.
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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