O conceito de Piramide Alimentar apresenta os padrões referentes a uma alimentação balanceada e saudavel.
São padrões estabelecidos e recomendados pelas organizações de saúde como sendo uma dieta equilibrada que ao ser adotada proporciona e contribui para a boa saúde.
Na ilustração acima são apresentados os modelos conceituais propostos nos EUA e no Brasil sendo possivel observar que ambos são praticamente iguais.
No entanto, os habitos alimentares nos dois países são bem distintos por conta de diversos fatores.Por exemplo; condições climáticas, cultura, renda per capita e estilo de vida.
Considerando tais premissas, pergunta-se:
1- Por que nos EUA, de um modo geral, observamos um padrão alimentar tão desbalanceado, quando comparado com o proposto em sua piramide?
2- Porque nos importamos e como isto nos atinge ?
Resposta 1: por que nos EUA existe uma gigantesca indústria alimentícia, conhecida por "Big Food", que pratica forte atividade de lobby junto ao congresso em busca de proteger seus interesses. Além disso investe bilhões em campanhas de marketing com o objetivo de direcionar a sociedade para o consumo de seus produtos, concorrendo assim com o sistema educação e saúde que deveria "ensinar" o cidadão a se alimentar da forma adequada.
Fatores complementares: total acessibilidade aos produtos por conta de uma excelente rede de logistica capilar; preço muito barato; sociedade com ritmo de vida muito acelerado nos grandes centros urbanos.
Big Food movimenta assim boa parte do PIB americano.
Resposta 2 : por que os EUA exportam para todo o mundo o "way of eating". Um modelo persuasivo, ancorado pelo conceito de que "refeição prática tem que ser rápida", que redesenhou o modo de se alimentar e de produzir alimentos.
O recente debate que acontece nos EUA sobre a questão do Sistema de Saúde estabelece uma ligação direta entre alimentação e saude.
Uma das questões centrais do debate é o quanto e como se gasta.
O Sistema de Saude Publica adotado nos EUA tem alguma similaridade ao modelo brasileiro, no sentido de que existe um sistema estatal de assistencia à saúde que é ineficaz e mal gastador fazendo-se então necessária uma alternativa, que é representada pelos seguros-saúde privados.
De forma geral, no sistema estatal americano as“filas” existem mas são menores, o atendimento é muito mais eficaz que o nosso e o paciente é atendido de forma efetiva, sem ter que esperar tanto tempo por uma consulta com o especialista.
A rede de atendimento é mais distribuida, oferecendo mais pontos de atendimento. A tecnologia é abundante,acessivel e otimiza sobremaneira os resultados tecnicos/médicos reduzindo custos operacionais.Medicamentos são distribuídos gratuitamente e não costumam faltar.
A industria de fármacos também possui um influente e atuante lobby.
Mesmo assim há muita insatisfação, por parte de quem paga impostos, não recebe o retorno desejado tendo que optar pelo sistema privado e seu elevado custo.
Way of Life
Mas, o que mais chama a atenção neste momento é o “way of eating” exportado pelos EUA para o mundo todo que comprovadamente conduz em medio e longo prazos ao desequilíbrio da saúde, gerando doenças e altíssimos custos de tratamento. (Veja o estudo realizado e acessivel pelo link logo abaixo).
Doenças como diabetes, câncer, hipertensão, hoje incidem com maior freqüência sobre a população e alguns cientistas endereçam a causa diretamente ao habito alimentar.
Artigo do NYTimes
Um artigo publicado em 10/set, aborda a questão da saúde publica nos EUA sob uma ótica realista e esclarecedora, apontando as correlações entre grandes conglomerados industriais e governo. Sua leitura leva a uma reflexão direta sobre como isto impacta em toda uma nação.
O argumento central do artigo é que o fator determinante da "quebra" do sistema de saúde americano não está unicamente ligado ao fato de que o gigantesco orçamento dedicado à saúde é mal utilizado, mas também: (i) aos hábitos alimentares inadequados da população que foram modelados e estabelecidos pela indústria de alimentos nas últimas décadas; (ii) nos resultados de ações exercidas pelo lobbies da industria de fármacos e (iii)pela complexidade socio-economica, o que incluiria grandes impactos no agrobusiness.
Trechos do artigo:
- “_ Os EUA gastam mais de $2,3 trilhões de dólares (...com saúde), de forma inadequada (...) o norte-americano gasta o mesmo que um cidadão europeu (em alguns países da europa ocidental), no entanto tem uma qualidade de vida inferior, por contas de doenças como diabetes, hipertensão,cancer (...) e pelo fato da obesidade ser um mal que acomete cada vez mais a população”.
- “_ (...) mesmo um sistema de saúde muito eficaz enfrentaria grandes dificuldades quando se defrontasse com uma população que tem uma dieta alimentar inadequada...”
-“_ (...) três quartos do orçamento da saúde são destinados ao tratamento preventivo de doenças crônicas, quase todas ligadas à alimentação e tabagismo”.
-“_ São gastos $147 bilhões para tratar da obesidade,$116 bilhões para diabetes, outras centenas de bilhões para moléstias cardiovasculares e diversos tipos de câncer, tudo atribuído ao modelo alimentar. Estudo recente aponta que 30% dos aumentos dos gastos em saúde, nos últimos 20 anos, pode ser atribuído à taxa de aumento da obesidade, uma condição que já responde por quase um décimo de todos os gastos em cuidados de saúde.”
Mesa do Brasileiro.
O artigo é muito pertinente quando trazido á realidade brasileira porque cada vez mais o fast-food e o junk food ganham espaço, principalmente para o individuo que vive nas médias e grandes cidades, . Observe que não são apenas os "hambúrgueres com batata-frita+ refrigerante", ícones do movimento junk, mas toda uma variedade de alimentos e bebidas, produtos,contendo elevados níveis calóricos; com açucares, gorduras trans, conservantes, estabilizantes, soluções químicas para preservar e realçar sabor, cor, etc.
Fatores como distancia entre trabalho e residencia,dificuldade de transporte,tempo de lazer extremamente limitado,sedentarismo, dificultam o ato de “comer em casa”.
Para completar o quadro, a publicidade persuasiva e sedutora contribui negativamente para a mudança no habito alimentar.
O que é mais grave, atingindo principalmente as novas gerações.
Os produtos são livremente comercializados,para crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento,amparados por ampla e sofisticada publicidade, de forma legal e confortavel para a industria "Big Food".
Recentemente algumas medidas coibitivas foram aplicadas pelo Ministério Publico à industria,mas ainda de forma muito tímida. A publicidade, por exemplo, continua á vontade. Algumas poucas instituições educacionais também tem se manifestado nesta direção.
São"gotas no oceano", mas já é um começo.
De volta aos EUA.
Estudos desenvolvidos pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention/EUA) apontam que um em cada três americanos nascidos a partir do ano 2000 sofrerá de alguma forma com aspectos correlatos ao Diabetes tipo 2. Alarmante!
Numeros:
Aproximadamente 24 milhões de Americanos tem diabetes.
• Destes, 18 milhões são diagnosticados.
• Diagnosticados com diabetes tipo 1 : 5% to 10%.
• Pessoas com pre-diabetes: 56 milhões.
• Custo para tratar o diabetes: $174 bilhões/ano.
fonte: American Diabetes Association and Centers for Disease Control and Prevention
Benchmarking?
Não deixe de ler na íntegra o artigo de Michael Pollan; Big Health x Big Insurance.
Acesse o link abaixo e leia o artigo.
link:http://www.nytimes.com/2009/09/10/opinion/10pollan.html?_r=1&th&emc=th
Acesse o link abaixo e leia o artigo.
link:http://www.nytimes.com/2009/09/10/opinion/10pollan.html?_r=1&th&emc=th
Acesse os links abaixo e leia o estudo completo mencionado no artigo .
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