Autor(es): Por Daniela Chiaretti
De São Paulo
Valor Econômico - 20/10/2011
O destino do Protocolo de Kyoto será traçado na primeira semana de dezembro, ao fim da conferência internacional do clima, em Durban, na África do Sul. Mas qualquer que seja o veredito, grandes empresas no Brasil estão preocupadas em reduzir suas emissões de gases-estufa. Agora não parece ser apenas mais uma necessária iniciativa de marketing. Preparar-se para a economia de baixo carbono seria prudente diante da percepção de que as trilhas entre economia e mudança climática começam a convergir.
"Agora é business", acredita Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (GVCes). "Ter acesso a mercado é questão vital para as empresas e elas começam a ser questionadas sobre quanto de carbono estão embarcando nos postos ou quanto de carbono estão colocando na cadeia de suprimento de seus compradores", explica Monzoni. "A questão ambiental começa a dialogar muito estreitamente com competitividade."
Este grupo de empresas, reunidas na chamada Plataforma Empresas pelo Clima (EPC), lançada em outubro de 2009 com 27 nomes, agora soma 39 companhias. Embora o número seja pequeno, são empresas com musculatura. Fazem parte do fórum a Vale, Monsanto, Klabin, Suzano e agora a Petrobras, BP e Braskem, para citar algumas.
Hoje, em São Paulo, as empresas na dianteira do debate climático se reúnem em seminário para discutir propostas, contribuir com a formulação de políticas públicas e com o marco regulatório sobre mudança climática. Monzoni lembra que, no mundo, a redução nas emissões passa por dois caminhos. Ou por políticas de comando e controle ou por instrumentos econômicos. Nessa segunda opção, ou se taxam produtos que emitem muito ou se trabalha com o mercado de emissões. É o modelo europeu. "Uma empresa tem direito de poluir x. Se precisa emitir mais do que aquilo, tem que ir ao mercado e comprar licenças", conta.
Iniciativas nesse caminho vêm sendo estudadas no Brasil. As experiências britânica e americana com mercados de carbono estarão em foco no seminário, assim como a construção de um similar nacional. Outro assunto importante são os planos setoriais que o governo federal têm que aprontar até a metade de dezembro. Na sexta pela manhã está previsto um encontro privado entre a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e executivos de companhias da Plataforma Empresas pelo Clima. A intenção é definir a agenda da sustentabilidade para a década.
Outro objetivo do encontro é tentar contribuir mais com as metas que vem sendo traçadas pelo governo federal. "Estamos em um momento em que as coisas não estão claras", diz Monzoni, referindo-se às negociações climáticas globais. "Mas, independentemente dos destinos do Protocolo de Kyoto, o Brasil tem uma lei", lembra, referindo-se à lei nacional sobre mudança climática. "As empresas querem saber qual é a regra do jogo e abrir mais espaço para o diálogo."
Carta da Terra
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário