Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)
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Etanol da Celulose

Em um cenário de instabilidade dos preços do petróleo e busca crescente por alternativas sustentáveis para manter o crescimento econômico, cada vez mais os biocombustíveis despontam como solução lucrativa e limpa para os desafios da geração de energia no mundo todo. O Brasil tem vocação no segmento, com sua grande extensão de terras cultiváveis e a produção em larga escala de etanol a partir da cana-de-açúcar.


Por conta da alta procura por energia, novas tecnologias – como a do etanol de celulose – já estão na mira de cientistas e empresas. Esse movimento em busca de novas opções só deve crescer, já que, segundo o relatório Brasil sustentável, desafio do mercado de energia, publicado pela consultoria Ernst & Young, o Brasil vai passar da 11ª posição entre os maiores consumidores de energia no mundo para o sétimo lugar em 2030, um crescimento de demanda anual médio de 3,3%....
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Reflorestamento avança no Tocantins com aumento de 420% /// ASCOM - SEAGRO

O plantio florestal para a recuperação de áreas degradadas é um segmento em ascensão. O Tocantins possui todas as condições favoráveis para o crescimento neste setor. Os dados levantados pela Seagro - Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - mostram a estimativa dessa evolução. A estimativa de plantio para os próximos dois anos é aumentar em torno de 420%. Em 2010, deve alcançar um acréscimo de 100% em relação a 2009.


Os investimentos aplicados contribuíram para o aumento da silvicultura. Em 2008, foram plantados 36,6 mil hectares em reflorestamento, expandindo para 49,6 mil hectares plantados, em 2009. Com uma projeção animadora, a expectativa é ultrapassar 208 mil hectares em todo Estado, em 2011. As maiores regiões de plantio no Tocantins estão localizadas no Bico do Papagaio, São Miguel do Tocantins e Palmeirópolis, Sul do Estado. O eucalipto, a teca, o neem, a seringueira e o pinus são as principais espécies silvícolas cultivadas no Estado.

Segundo o diretor de Fruticultura e Silvicultura da Seagro, José Américo, esse avanço do reflorestamento é resultado de alguns fatores. “Além da preocupação dos efeitos climáticos e a demanda crescente em madeira, o Tocantins é potencialmente atrativo para esta cultura. A luminosidade, o clima, a disponibilidade de terras e a logística para a exportação favorecem o desenvolvimento de diferentes espécies silvícolas”, pontuou.

Para impulsionar a atividade, o Governo do Estado, por meio da Seagro estimula o reflorestamento com ações voltadas para o aumento do plantio. Para reforçar essa prática, alguns projetos estão em andamento. Um deles é o Jardim Clonal da Seringueira, implantado no Centro Agrotecnológico de Palmas, com cultivo de clones para produção de material genético. A intenção é repassar esse material para os pequenos produtores do Estado. O local ainda contempla um plantio experimental de diversos clones de eucalipto.

Programação 2010

O reflorestamento é proporcionado com distribuição de mudas nativas do cerrado. As atividades para 2010 são intensificadas com a distribuição de 120 mil mudas para pequenos produtores do Estado. No decorrer deste ano acontece também o 5º Reflorestamento do Estado e o II Seminário de Frutos Nativos do Cerrado. (Elmiro de Deus

A alternativa do carvão vegetal///Envolverde

Por Ana Carolina Athanásio, da Agência USP

Utilização do eucalipto como fonte de carbono ajuda a diminuir o desmatamento.

O economista Thiago Fonseca Morello estudou o uso e alguns problemas do eucalipto como fonte de energia para siderúrgicas em seu mestrado – Carvão vegetal e siderurgia: de elo perdido a solução para um mundo pós-Kioto – orientado pelo professor Ricardo Abramovay e com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). O pesquisador busca entender de que maneira o carvão vegetal e o uso do eucalipto como fonte de carbono trouxeram soluções para siderúrgicas que passaram a utilizar essa fonte de energia.

Morello observa que um dos fatores que permite ao Brasil ser o único país do mundo a utilizar o carvão vegetal em siderúrgicas é a baixa quantidade de jazidas de carvão mineral no País. “Esse fato pode ser uma explicação para a insistência no uso de carvão vegetal. É necessário que as empresas importem o carvão mineral em grande escala, para baratear o preço, e isso tem uma série de implicações logísticas e ambientais. Por outro lado, somos um País rico em florestas e estas acabaram sendo utilizadas como fonte alternativa e mais barata de carbono”, explica.

Um dos maiores problemas na utilização do carvão vegetal é o desmatamento florestal. Muitas siderúrgicas só passaram a investir no cultivo e manutenção das plantações de eucalipto quando perceberam a exaustão das florestas das quais costumavam retirar seu carvão. Morello salienta que essa opção das empresas por cultivar sua fonte de carbono trouxe fatores positivos, como a diminuição do desmatamento da floresta, e aspectos negativos, como o aumento das grandes plantações e da concentração de terras.

O uso do eucalipto como fonte de energia no Brasil tem benefícios não apenas no âmbito ecológico, mas também em relação ao marketing. “Com a opção de plantar eucalipto, as empresas têm vantagens em vários sentidos: em relação à qualidade, pois usam mudas geneticamente adaptadas a cada região, conseguindo assim o melhor rendimento possível. Há benefícios ambientais, pois evita a destruição da floresta a qual desempenha diversas funções ecológicas e também culturais para a comunidade local. Além disso, as indústrias estão, cada vez mais, se esforçando para se desconectar das florestas e do desmatamento, pois assim criam uma imagem mais favorável nacional e internacionalmente”, ressalta o pesquisador.

O economista mostra também os problemas para as siderúrgicas provenientes do uso de carvão vegetal. O primeiro deles decorre da inversão do relativo de preço na década de 1980, quando o carvão mineral passou a ser mais barato do que o vegetal. Há também os malefícios oriundos da produção de eucalipto, a qual favorece a concentração de terras, além de gerar problemas em relação a instabilidade ecológica, isso por conta da monoespecificidade das plantações.

Tendo em vista os fatores negativos, o que levaria as siderúrgicas mineiras a manter o uso de carvão de eucalipto como fonte de carbono? “Quanto a isso, um fato atual relevante é o de que as duas maiores siderúrgicas mineiras a carvão vegetal foram compradas pela maior corporação siderúrgica do mundo – a anglo-indiana Mittal Steel – a qual tem o interesse em ter sua imagem associada ao fato de existirem membros de seu grupo que produzem aço com base no carvão vegetal, dado que todos os demais membros dependem pesadamente do carvão mineral”, explica o economista.

Fomento Florestal

Entre os modelos atuais de cultivo que têm atraído investimentos de siderúrgicas está o fomento florestal. É uma alternativa ao cultivo de plantação de eucalipto realizado em escala menor àquela dos grandes maciços mantidos pelas siderúrgicas mineiras. Esse modelo permite a pulverização das áreas de cultivo e resolve, em alguma medida, o problema da concentração de terras e da instabilidade ecológica por conta da monocultura.“Isso é interessante, pois tem englobado também proprietários de baixa renda e é uma possibilidade de ajudar na transferência tecnológica entre as populações que tem menos possibilidades de geração de renda”, diz Morello.

Apesar da siderurgia de carvão vegetal não chegar a 30% da produção de ferro-gusa e a 20% da produção de aço, o interesse das empresas por fontes alternativas de carbono tende a crescer enquanto houver cobranças internacional relacionadas ao aquecimento global. “O fomento florestal é interessante e pode ser estudado como uma possível trajetória para produzir ferro e aço de maneira a não intensificar o aquecimento global, mas não acredito que exista potencial para haver uma conversão em massa da siderurgia no mundo e no Brasil para o carvão de eucalipto. Entretanto, enquanto a temática ambiental e ecológica se mantiver relevante internacionalmente, o uso de carvão de eucalipto continuará existindo no Brasil, mesmo como algo minoritário”, conclui.

Mais informações: email tfmrs@usp.br, com o pesquisador Thiago Fonseca Morello

(Envolverde/Agência USP)


link para revista Envolverde:

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