''A diminuição da violência no campo passa impreterivelmente pela Reforma Agrária''. Entrevista especial com Eduardo Girardi

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IHU On-Line – Que tipo de políticas especiais o Nordeste necessita?


Eduardo Paulon Girardi – A questão agrária no Nordeste se configura principalmente pela baixa renda e baixa qualidade de vida da população rural. Esta condição incentiva o êxodo rural e a migração inter-regional, o que tem como resultado, na maioria das vezes, a superexploração da mão-de-obra desta população de migrantes. Assim, a Reforma Agrária no Nordeste deve se basear principalmente na garantia de condições para produção e de uma renda mínima aos agricultores. Para o primeiro objetivo, deve ser considerada a assistência técnica, crédito subsidiado para aquisição implementos, sementes e insumos, seguro agrícola e, no caso da região, a solução do problema da seca, seja pela transposição do São Francisco ou pela adoção de métodos alternativos com eficiência comprovada. É necessário dizer que a água deve ser priorizada para o consumo humano, animal e para as pequenas propriedades voltadas à produção de alimentos para consumo interno (na região ou no país).

Paralelamente, para garantir o escoamento dos alimentos produzidos pela agricultura familiar, em regiões mais críticas, o Estado deve atuar na compra e distribuição de alimentos à população que sofre com sua falta, investindo em modelos de circuitos curtos de produção-consumo, o mais lógico para a realidade regional. As culturas destinadas à produção de agrocombustíveis não devem ser incentivadas em locais onde a irrigação é necessária, restringindo essas áreas à produção de alimentos de origem animal ou vegetal e sob um sistema que integre pecuária e agricultura. Um programa de garantia de rendimento mínimo e de seguro agrícola aos agricultores indispensável, vistas as características climáticas da região. As ações de Reforma Agrária devem ser centralizadas no Polígono das Secas, no Maranhão (pela peculiaridade de ser uma área de transição e por comportar componentes da fronteira agropecuária), e no oeste da Bahia e sul do Piauí, onde a reforma da estrutura fundiária deve ser procedida.

Leia a entrevista na integra aqui 

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