Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

O bottom line da ética

O bottom line da ética:
Diretor da Escola de Direito de São Paulo da FGV discorre sobre a contribuição que a universidade deveria dar à formação ética dos alunos

Mobilidade urbana brasileira é uma das piores do mundo


Classe mais pobre da população leva até 20% mais tempo se deslocando de casa para o trabalho, avalia estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
                                 
Autor: Simone Talarico | Postado em: 25 de março de 2013 | Fonte: Business Review Brasil
Brasil enfrenta crise de mobilidade urbana
Brasil enfrenta crise de mobilidade urbana
créditos: Divulgação

O deslocamento de casa para o trabalho, em qualquer lugar do mundo, é sempre um grande tormento. Quer seja dirigindo o próprio carro ou usando meios coletivos de transporte, esses trajetos são geralmente cansativos e muitas vezes estressantes.

No Brasil, essas características não são diferentes, e muitas mudanças vêm acontecendo nos últimos 20 anos, em consequência de motivos que vão do crescimento populacional ao aumento no consumo de automóveis.

Para buscar identificar quais as principais tendências desse problema presentes no país, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fez um estudo de análise de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tempo de deslocamento entre casa e o trabalho dos brasileiros de 1992 a 2009. Os resultados acabam de ser divulgados.

Sem muita surpresa para paulistanos, São Paulo foi identificada como a cidade brasileira onde os moradores levam mais tempo para se deslocar para o trabalho: 43 minutos, em média. O tempo é o segundo mais longo do mundo, perdendo apenas para Xangai, na China, como mostra o gráfico abaixo.

Tempo gasto até o trabalho no Brasil e no mundo (em minutos).

O estudo aponta que tem havido piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com aumento nos tempos de viagem casa-trabalho.
As cidades de Curitiba e Porto Alegre são as únicas duas exceções, com os tempos de viagem mantidos relativamente estáveis desde então. A proporção de trabalhadores que fazem trajetos casa-trabalho muito longos – com mais de uma hora de duração – também aumentou consideravelmente, chegando a quase um quarto de todas essas viagens em algumas áreas metropolitanas.
Os dados da pesquisa também mostram diferenças expressivas no tempo de viagem casa-trabalho entre os diferentes níveis de renda. Em média, das nove maiores regiões metropolitanas e no Distrito Federal, osegmento mais pobre dos trabalhadores gasta em média 20% mais tempo no trânsito do que o segmentomais rico.
Já é fato que o país está passando por uma crise de mobilidade urbana, e cada vez mais estudos como estes reiteram o que a população vive no seu dia a dia. A opção pelo transporte individual é uma das grandes causas, sem dúvida, mas também contribuem a falta de um planejamento urbano eficaz e opções reais de transporte coletivo que atualmente são insuficientes e ineficazes. A resposta atual é que devemos esperar pelas obras de infraestrutura que estão sendo feitas para a realização da Copa do Mundo de 2014.
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Assinado entre MPF e Abras termo de cooperação pela pecuária sustentável

 
Objetivo principal é evitar que supermercados comprem carne bovina proveniente de áreas de desmatamento.
O Ministério Público Federal (MPF) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) assinaram nesta segunda-feira, 25 de março, termo de cooperação técnica pela pecuária sustentável. O objetivo principal é evitar que os supermercados brasileiros comprem carne bovina proveniente de áreas desmatadas na Amazônia ou onde tenham sido constatadas outras irregularidades ambientais e sociais, como invasão de terras públicas e trabalho escravo.

Além disso, busca consolidar e ampliar o programa Municípios Verdes, internacionalmente reconhecido pela implementação de benefícios a produtores rurais e empresários. Uma das premissas do acordo é de que “a proteção do meio ambiente é um princípio que deve nortear todas as relações sociais, inclusive as econômicas”.

Segundo o subprocurador-geral da República Mario Gisi, coordenador da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (meio ambiente e patrimônio cultural), esse é um importante passo na busca pelo desenvolvimento sustentável: "Faz muito mais sentido quando o setor econômico mostra que sua atividade vai além do lucro, que busca uma sociedade justa e igualitária". Na mesma linha, o subprocurador-geral da República Antonio Fonseca, coordenador da 3ª Câmara de Coordenação e Revisão (consumidor e ordem econômica), ressaltou que a “sociedade é quem agradece” um pacto como esse.

O presidente da Abras, Fernando Yamada, aproveitou a cerimônia para entregar ao MPF uma primeira versão do plano de ação da associação, que contém, por exemplo, sugestões de práticas a serem implementadas pelos supermercados em pontos de venda e nas bandejas de carne. Para o procurador da República Daniel César Azeredo Avelino, coordenador do Grupo de Trabalho Amazônia Legal (4ª Câmara), a partir de atitudes concretas como essa, o MPF espera “que o consumidor brasileiro e as empresas representadas pela Abras se engajem em um esforço pela preservação do meio ambiente”.

Compromissos da Abras - Pelo termo, a Abras se compromete a informar e orientar as empresas do setor supermercadista brasileiro sobre práticas que, entre outros: ajudem a coibir o trabalho escravo na cadeia da carne, buscando sua erradicação; ampliem a redução do desmatamento e a recuperação de áreas desmatadas; fomentem a intensificação da produção nas áreas já abertas; apoiem políticas de incentivos jurídicos e de créditos aos produtores; apoiem a produção dos direitos indígenas, das populações tradicionais e de quilombolas; e combatam o abate clandestino.

Na prática, a associação irá divulgar em seu portal na internet e na revista SuperHiper ações positivas do MPF e de outros órgão governamentais no combate ao comércio de carne proveniente de fazendas que comprovadamente tenham passivo ambiental e social. Também informará nos mesmo meios a relação de produtores (frigoríficos e fazendas) que já são parceiros do MPF na causa, a lista restritiva organizada pelo Sistema Nacional do Meio Ambiente e os nomes das cidades que participam do programa Municípios Verdes.

Em relação ao consumidor final, a Abras incentivará os supermercados a divulgar no ponto de venda, sempre que cabível, a origem do produto bovino e todas as suas ações e de seus parceiros para o aprimoramento da cadeia produtiva.

Afinal, empresa sustentável dá lucro?

 

Pesquisa da Universidade de Harvard concluiu que, no período estudado, as empresas sustentáveis deram muito mais lucro do que as não sustentáveis.

Por Jorge Abrahão*

Uma pergunta que sempre aparece nos debates sobre empresas e sustentabilidade é: empresa sustentável dá lucro? E, afinal, o que é uma empresa sustentável?
Muitos especialistas, consultorias e até órgãos da ONU já tentaram provar que sustentabilidade dá lucro. Mas, as respostas foram muito amplas, ou seja, mostraram o valor da biodiversidade ou das consequências das mudanças climáticas. Não chegaram ao cerne da questão, que é provar ao empresário que uma empresa sustentável não só garante licença para operar como dá lucro.
Pois um departamento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, resolveu pesquisar as empresas para verificar se sustentabilidade dá lucro ou não. Harvard partiu da premissa de que empresa sustentável é aquela que tem uma “cultura de sustentabilidade” internalizada na estratégia e nas operações do negócio.

A conclusão: num período de 18 anos, uma empresa sustentável deu muito mais lucro do que uma empresa não sustentável.
Vamos ver como se chegou a essa conclusão.

Quantas empresas possuem cultura de sustentabilidade?
Para responder a essa pergunta, a universidade pesquisou as listas de vários índices de bolsas de valores e verificou quantas políticas sustentáveis as empresas listadas declaram.
Enumerou 27 políticas, entre ambientais, sociais e de governança, tais como: conduta ética perante os funcionários, a comunidade, fornecedores e clientes; adesão a pactos nacionais e internacionais de integridade; adoção de práticas promotoras da diversidade e da igualdade de oportunidades na empresa; respeito aos direitos humanos, tanto com empregados quanto com a comunidade e outros públicos de interesse; redução das emissões de carbono; programas de eficiência hídrica e energética; programa de reciclagem de resíduos; programa de inovação para diminuir consumo de recursos naturais; políticas para garantir liberdade de associação aos funcionários; e salários dignos.

Em seguida, Harvard selecionou empresas que tivessem instituídas pelo menos três dessas políticas entre 2003 e 2005, eliminando, de antemão, as instituições financeiras. Encontrou 675 empresas.
Para verificar quais delas realmente possuem uma “cultura corporativa de sustentabilidade”, Harvard estabeleceu um ranking dessas empresas, pela média ponderada das políticas de sustentabilidade adotadas. A ponderação foi feita pela quantidade de políticas existentes em relação ao tempo em que elas foram instituídas na empresa.
Quanto mais políticas e mais tempo de instituição, melhor a posição no ranking. Para validar essa avaliação ponderada, a análise das empresas foi completada por dados retirados de relatórios, sites e outras publicações, bem como por entrevistas com executivos.

Estabelecido o resultado, Harvard dividiu as empresas em dois grupos de 90 empresas cada: o primeiro, com as 90 mais bem colocadas no ranking, foi denominado “Alta Sustentabilidade” e constituído por aquelas companhias que adotaram mais de dez das 27 políticas enumeradas, ainda nos anos 1990. O outro grupo, chamado “Baixa Sustentabilidade”, identificou aquelas corporações que adotaram menos de quatro políticas nos anos 2000 e nenhuma nos anos 1990.
Empresa de alta sustentabilidade tem desempenho melhor do que a de baixa sustentabilidade
Para verificar o desempenho das empresas, Harvard estudou o setor, o porte e a estrutura de capital de cada uma delas. Completou essa análise com os resultados de uma pesquisa feita em bolsas de valores, averiguando o desempenho obtido nos últimos 18 anos (entre 1992 e 2010).
O resultado foi o seguinte:
  • As 90 empresas de alta sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18 anos;
  • O patrimônio de uma empresa de alta sustentabilidade valorizou 33 vezes em 18 anos; o de uma empresa de baixa sustentabilidade, 26 vezes.
  • O retorno de uma empresa de alta sustentabilidade em 2010 foi de sete vezes o valor investido em 1992; o de uma empresa de baixa sustentabilidade foi de 3,5 vezes.
  • Analisando a evolução do valor das empresas ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta sustentabilidade foi significativamente menor do que a das empresas de baixa sustentabilidade.
Por que as empresas de alta sustentabilidade tiveram esse desempenho?
De acordo com Harvard, esse desempenho tem a ver com o perfil dessas empresas. Elas possuem uma governança distinta, baseada nos seguintes pressupostos:
  • Têm foco no engajamento de públicos de interesse (stakeholders).
  • Estabelecem processo de diálogo formal com esses públicos e, com isso:
    • Identificam os critérios de engajamento para cada público, bem como suas necessidades e demandas;
    • Conseguem levantar riscos e oportunidades para o negócio;
    • Reconhecem os públicos-chave para a empresa;
    • Treinam executivos para engajar esses públicos;
    • Criam valor compartilhado, por atender tais demandas;
    • Atuam com proatividade e transparência;
    • Orientam investimentos para o longo prazo, isto é, para processos, produtos e serviços de supram as demandas por qualidade e segurança socioambiental, além da financeira;
    • A sustentabilidade é responsabilidade expressa da diretoria;
    • Mantêm um comitê de sustentabilidade que tem por tarefa orientar os executivos quanto às políticas de sustentabilidade e resultados esperados, bem como estabelecer comunicação com os públicos de interesse;
    • O sistema de compensação da liderança está atrelado tanto ao desempenho financeiro quanto à consecução de metas não financeiras ligadas aos indicadores-chave das políticas de sustentabilidade;
    • Boa parte dos investidores ou acionistas é orientada pelos resultados de longo prazo;
    • A tomada de decisões é baseada em dados da concorrência e do mercado, bem como nas informações relativas a stakeholders, devidamente auditadas por firmas independentes.

Estudos como esse de Harvard mostram que a sustentabilidade dá lucro, ao contrário do senso comum atual. Quanto antes governos e empresas acordarem para essa realidade, mais rápido poderemos construir o desenvolvimento sustentável que desejamos.

* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos.
Acesse aqui a íntegra do estudo, que se chama The Impact of a Corporate Culture of Sustainability on Corporate Behavior and Performance.
13/3/2013

Biodiesel movimenta R$ 2 bilhões para agricultura familiar

27/03/2013 10:58

 
Biodiesel movimenta R$ 2 bilhões para agricultura familiar

Foto: Ascom/MDA

http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=12292082

A venda de matéria-prima para a produção de biocombustíveis movimentou mais de R$ 2 bilhões para a agricultura familiar brasileira na safra 2011/2012, de acordo com os dados informados pela indústria do biodiesel. O número equivale às transações realizadas por meio do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que atende aproximadamente 105 mil famílias de agricultores em todo o País.
O incentivo às empresas produtoras de biodiesel para comprar matéria-prima do agricultor familiar amplia sua área de atuação. “Hoje é uma importante política pública de mercado para a agricultura familiar, de renda e de capacitação tecnológica”, afirma o coordenador-geral de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, André Grossi Machado.
As famílias participantes do Programa estão localizadas em 16 estados e podem comercializar sua produção por meio de contratos individuais ou de cooperativas. Atualmente, existem 103 cooperativas aptas a participarem do Programa, e elas representam mais de dois terços das transações realizadas. Os três estados do Sul, juntos, reúnem mais da metade das famílias participantes seguido pela Região Nordeste, com quase 30 mil famílias.
Produtor O último levantamento feito pela coordenação nacional do Programa mostra que foram quase dois milhões de toneladas de matérias-primas adquiridas da agricultura familiar para a produção de biodiesel. A soja é a oleaginosa mais comercializada, representando 96% das transações, seguida por mamona e dendê.
No Assentamento Rio Paraíso, município de Jataí (GO), Paulo Gottems é um dos que investiu na venda para o PNPB. “Antes, a gente vendia para outras empresas, mas como somos pequenos, para elas não tinha muito valor”, lembra o agricultor. Há cinco anos vendendo pelo Programa, ele considera a experiência muito proveitosa. “Para mim é um dos melhores programas voltados para a agricultura familiar”, afirma.
Ele conta que as vantagens vão desde a assistência técnica, que facilita inclusive o acesso a crédito, até o maior valor de comercialização. “Aqui na região o preço pode chegar a até R$ 5 a mais por saca”, explica o produtor de soja. Graças a estes benefícios, ele decidiu aumentar a área de plantio de 30 para 56 hectares. Com isso, a família de Paulo consegue colher, em média, 2,8 mil sacas por safra.
Com a renda gerada pela produção e o apoio de políticas públicas de crédito, em especial o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Paulo já adquiriu um trator e uma plantadeira para facilitar a produção. As linhas do financiamento também são indispensáveis para o custeio da produção. “Acesso o Pronaf todo ano para plantar e também para investir”, conta.
Apesar de a soja ser a principal matéria-prima comercializada pelo programa, algumas culturas como amendoim, gergelim, girassol e o próprio óleo de soja, têm maior valor de mercado. Essas oleaginosas, mesmo sendo vendidas para o PNPB, muitas vezes são utilizadas para fabricação de produtos com maior valor de comercialização, gerando mais renda para a agricultura familiar.
Selo Combustível Social
Atualmente, o Brasil tem 56 unidades operacionais autorizadas a produzir e comercializar biodiesel, das quais 41 possuem o Selo Combustível Social – identificação concedida pelo MDA às empresas que compram matéria-prima da agricultura familiar. Juntas, essas unidades têm capacidade de produzir 5,4 bilhões de litros de biocombustível por ano, o que representa 79% da capacidade produtiva instalada no País.
O mercado de biodiesel no Brasil não é aberto, as vendas são realizadas via leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As empresas que possuem o Selo Combustível Social têm preferência nestes leilões, tendo 80% do mercado reservado e podendo concorrer em 100% leilões. Além disso, elas recebem benefícios tributários, que variam de acordo com a localidade.
Questões ambiental e econômica
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel contribui para que o Brasil compre menos diesel mineral de outros países, estimulando a produção e o consumo de fonte de energia limpa e não poluente. Incentiva também a agregação de valor aos grãos dentro do País, contribuindo para uma maior oferta de farelo e tortas para alimentação animal.

Climate Change and Conflict -- Ragnhild Nordås* & Nils Petter Gleditsch1--Centre for the Study of Civil War (CSCW) at the International Peace Research Institute, Oslo (PRIO)




"...some of the recent writings on climate change and security
are focused largely on consequences for the rich countries. If climate change leads to more deprivation in the Third World, it could also generate additional  terrorism that impacts on the security in the wealthy part of the world."

read the article
HERE



Ônibus elétricos têm custo 75% menor que os veículos movidos a diesel

Ônibus elétricos têm custo 75% menor que os veículos movidos a diesel:   Fundação Clinton, rede C40 e Banco Interamericano testaram 16 ônibus, com diferentes tecnologias, em cinco cidades da América Latina   Os ônibus elétricos têm custo operacional até 75% men

'Passivo histórico' ainda limita avanços sociais no Brasil

Paula Adamo Idoeta
Atualizado em 14 de março, 2013 - 17:24 (Brasília) 20:24 GMT
 
 
Avanços em educação ajudaram a melhorar o IDH do Brasil nos últimos anos
O Brasil apresentou leve avanço em seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, principalmente em expectativa de vida e renda per capita, consolidando o que a ONU classifica como um dos "mais altos desempenhos" em questões sociais no mundo e superando inclusive países vizinhos.
Ainda assim, o país ainda convive com alta desigualdade e com um "passivo histórico" - os baixíssimos indicadores sociais do Brasil sobretudo antes de 1990 -. que mantêm sua nota de IDH em nível inferior à média da América Latina.
 
Mas na avaliação de longo prazo, a partir de 1990, o país é um dos que tiveram um dos maiores avanços em seus indicadores sociais. Os motivos principais, na avaliação da ONU, foram reformas econômicas e investimentos em educação, saúde e distribuição de renda.

"Entre 1990 e 2012, o IDH saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%. Essa taxa de crescimento do IDH brasileiro no período é maior que a de Chile (40ª posição no ranking de IDH, com 187 países), Argentina (45ª) e México (61ª), por exemplo", informa o Pnud.
Com isso, o país fica entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no IDH (ou seja, a diferença restante para chegar à nota 1) entre 1990 e 2012.

"O Brasil cresce atualmente mais rápido no IDH e não só em renda, mas em educação e saúde. O desafio é grande, mas o modelo do país é um exemplo a ser seguido", diz à BBC Brasil Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do Pnud.
Para efeitos comparativos, em 2004, segundo o Pnud, o Brasil tinha 71,5 anos de expectativa de vida ao nascer e US$ 8.325 de renda per capita anual. Isso aumentou, em 2012, respectivamente, para 73,8 anos e US$ 10.152.

Patamar baixo

Apesar disso, o Brasil ainda tem IDH inferior ao de vizinhos latino-americanos como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Costa Rica e México.
"O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH."
Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do IDH
 
O motivo, explica Daniela, é o "passivo histórico" do país.
"Em 1990, a média de estudo dos adultos brasileiros era de quatro anos, a metade da Argentina na época", exemplifica a analista. "E o Chile de 1990 já tinha a expectativa de vida que o Brasil tem hoje. Partimos de um patamar muito baixo."
Os avanços em indicadores sociais do Brasil são elogiados pelo relatório da ONU, mas os dados mostram que o país ainda apresenta forte desigualdade de renda. Na medição que leva em conta a desigualdade social, o país perde 27% de sua nota de IDH.

Estimativas recentes da própria presidente Dilma Rousseff dão conta de que cerca de 700 mil famílias ainda estejam à margem de políticas estatais; e críticos dizem que o patamar de renda per capita de R$ 70, estabelecido pelo governo para determinar quem vive em pobreza extrema, é muito baixo.
Segundo o relatório da ONU, os avanços sociais dependem de "políticas estruturais de longo prazo".
"O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH", diz o texto.

O IDH, que mede expectativa de vida, saúde, educação, renda e acesso a recursos para uma vida digna, é um dos principais indicadores mundiais de desenvolvimento humano.
"Ele mede poucas variáveis e tem dificuldade em (igualar) diferenças metodológicas (entre os países), mas dá um retrato do desenvolvimento no longo prazo", opina Daniela. "Isso permite fugir da visão de olhar um país apenas por seu Produto Interno Bruto."

Sustentabilidade, Mobilidade Urbana e Teletrabalho


por laercio Bruno Filho

Com o expressivo foco sobre o tema Sustentabilidade setores como o de Transportes, por exemplo, ganharam significativa relevância e são cada vez mais discutidos porque trazem consigo uma expressiva carga de externalidades, tanto negativas quanto positivas, todas elas extremamente importantes sobretudo para ao individuo-coletivo contemporâneo.

Setor intensivo no consumo de energia fóssil e para atender as crescentes demandas, gera nada menos que 14% das emissões globais de gases que provocam o efeito estufa (WWF-2008). Eis aqui uma das mais relevantes externalidades negativas.

Quanto às positivas,o transporte no seu aspecto mais amplo literalmente contribuiu de forma direta e em todas as instâncias, para o aumento da qualidade e expectativa de vida. Caso não existisse a agilidade por ele irradiada talvez a idade média do homem moderno ainda se mantivesse como na primeira metade do século passado, 45 anos. A contribuição para o progresso da humanidade é inquestionável.



Veículos e petróleo
...Estudos mostram que mais de três quartos da frota mundial de automóveis transportam apenas um ou no máximo dois indivíduos por viagem, configurando assim um enorme desperdício de capacidade e energia...


Dois pontos
Como acessar o que desejamos empregando o menor esforço e gerando o menor custo econômico e ambiental?

Facilitar o máximo possível o acesso ao “objeto desejado” tornou-se o objetivo principal. Neste esforço busca-se o caminho mais curto e mais rápido possível e isto passou a custar muito caro, sob todos os aspectos, restando então aprimorar o melhor possível o deslocamento entre  dois pontos...

 

Trabalho Virtual
Diversas formas de se realizar o trabalho sem o onus socioambiental. Duas das tendências mais conhecidas são Telepresença e Home Office.

 

No Brasil... grandes números
Em 2009 eram por volta de 10,6 milhões de teletrabalhadores no Brasil.
Empresas que praticam o Teletrabalho: Cisco,DELL,Du Pont,Ernest & Young,HP,IBM,Merck,Natura, Nortel, Ticket (G. Accor), entre outras.


Números da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo apontam que as perdas financeiras com acidentes de trânsito, poluição e engarrafamentos são estimados em cerca de 4,1 bilhões de reais por ano.

O Instituto de Estudos Avançados da USP calcula perdas diárias de 11 milhões de reais com tempo e combustível nos congestionamentos.

O estudo considera ainda que a média de 80 quilômetros de lentidão tornou-se rotina, com picos de 200 quilômetros. No total, os custos anuais chegariam a 3,3 bilhões anuais.

 

Pense Nisso !!

O antropoceno e os limites da Terra /// Ricardo Abramovay



Artigo publicado orginalmente no jornal Valor Econômico, em 05/03/2013

Apesar de seu sabor levemente metafísico, a expressão “busca humana” refere-se a algo que não poderia ser mais concreto: o grande desafio da espécie humana é impedir a supressão das condições biogeofísicas que deram base à civilização tal como a conhecemos. O período interglacial extraordinariamente estável que marcou os últimos dez mil anos é o único estado planetário capaz de oferecer apoio à vida social. É verdade que a existência do homem na Terra vem de muito antes, algo entre cem e duzentos mil anos. Mas foi somente com a amenidade e a estabilidade do clima nos últimos dez mil anos que a revolução neolítica e a fantástica diversificação cultural e material que a ela se seguiu tornaram-se possíveis. Durante estes cem séculos, as variações médias de temperatura nunca foram superiores a um grau.

O problema é que, de 1960 para cá, o aumento da temperatura global média já chegou a 0,8 grau. Esse registro climático é acompanhado da degradação em outras áreas cruciais do sistema Terra: nove mil espécies de plantas e dez mil espécies animais encontram-se ameaçados e o ritmo de extinção das espécies é hoje cem vezes superior a sua taxa natural. Nada menos que 40% da superfície terrestre são ocupados com atividades agropecuárias. O volume do gelo marítimo no Ártico foi dividido por cinco desde 1979.
Estas são apenas algumas evidências que permitiram às mais importantes sociedades científicas da área falar em uma nova era geológica, o antropoceno. Seu traço central é que a humanidade tornou-se a principal força de mudança geológica do planeta. Os efeitos de suas ações são mais ameaçadores que os originários de asteroides, erupções vulcânicas ou movimentos de placas tectônicas. A capacidade do planeta para continuar assimilando e atenuando os impactos vindos da pressão humana está dando visíveis sinais de esgotamento.

A junção entre ciência e arte, resultante da coautoria de Johan Rockstrom, autor de mais de cem artigos em revistas do calibre de Science e Nature, e do fotógrafo Mattias Klum não é casual: o texto de “The Human Quest” e as impressionantes fotos deste livro insistem na urgência de se preservar a própria beleza do meio que permitiu o florescimento da vida social. Mais que isso, porém, o trabalho traz duas inovações decisivas na discussão sobre desenvolvimento sustentável.

A primeira foi apresentada na Rio+20 e em artigos recentes do grupo liderado por Rockstrom: é difícil imaginar tarefa científica mais urgente que a definição dos limites planetários dentro dos quais a prosperidade pode manter-se e ampliar-se. Rockstrom recupera e valoriza o trabalho do casal Meadows e do Clube de Roma (“Limites ao Crescimento”), mas introduz uma questão nova: qual o espaço seguro de operação cuja ultrapassagem impede que o planeta continue oferecendo os serviços ecossistêmicos que, até aqui, têm permitido o processo de desenvolvimento? A resposta está na delimitação de nove fronteiras planetárias, das quais o livro oferece métricas.

Mostra-se, inicialmente, onde devem situar-se esses limites para as mudanças climáticas, a depleção da camada estratosférica de ozônio e a acidificação dos oceanos. Em seguida, o livro expõe outros quatro processos e define seus limites: perda de biodiversidade, uso de água fresca, mudanças no uso da terra e ciclos do nitrogênio e do fósforo. A particularidade dessas dimensões é que, diferentemente das três anteriores, se exprimem de maneira fundamentalmente local, embora tenham, é claro, causas e consequências globais. As duas últimas fronteiras (materiais particulados ou aerossóis e poluição química) são produtos que emergem do sistema econômico e que possuem tal diversidade que não é fácil estabelecer seus limites de operação segura de maneira sintética.

O exame dessas nove fronteiras à luz do crescimento populacional, da expansão do consumo e do aumento das desigualdades não permite imaginar que as mudanças globais anunciadas pelo antropoceno serão graduais ou que, uma vez manifestados seus efeitos, seja facilmente possível revertê-los interferindo em suas causas. Uma das mais importantes contribuições científicas do centro de pesquisa dirigido por Rockstrom está na palavra central que lhe dá o nome: Stockholm Resilience Center.

Resiliência não é equilíbrio ou crescimento constante e, sim, a capacidade de um sistema (um indivíduo, uma floresta, uma cidade ou uma economia) lidar com a mudança incremental ou abrupta e prosseguir em seu desenvolvimento. E junto à ideia de resiliência vem a noção decisiva de surpresa: as pesquisas levadas adiante pelo Stockholm Resilience Center mostram que os sistemas, longe de mudarem de forma contínua e gradativa, conhecem mudanças bruscas, inesperadas e, muitas vezes, irreversíveis. Um dos autores citados no livro resume a essência da noção de surpresa: “Noventa e nove por cento da mudança nos ecossistemas parecem acontecer como resultado de apenas um por cento dos eventos que afetam o sistema”.

É sobre essa base que Rockstrom critica a própria maneira como o desenvolvimento sustentável tem sido definido habitualmente nos documentos internacionais. O objetivo não pode ser o de continuar fazendo o que se fez até aqui, procurando, porém, “reduzir impactos”. Por um lado, é necessário colocar a relação entre sociedade e natureza no centro das próprias decisões econômicas. Por outro lado, porém, é fundamental ampliar nossa capacidade de lidar com a surpresa. E isso só se obtém pelo fortalecimento da resiliência, que pode ser também definida como a capacidade de um sistema absorver os distúrbios que o atingem, mantendo suas funções básicas. A variedade dos atuais sistemas socioecológicos é uma das premissas para que aumente nosso poder de lidar com a surpresa. E é exatamente essa diversidade que está sob ameaça.

Estamos vivendo na primeira metade da mais decisiva década da história humana. Não que o mundo vá acabar em 2020, mas parece fora de dúvida que o risco de mudanças abruptas, irreversíveis e potencialmente catastróficas aumenta muito se continuarmos na trajetória atual.

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