Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Países em desenvolvimento formalizam compromissos para reduzir emissões

A China afirmou que vai diminuir a emissão de carbono por unidade de produção entre 40% e 45% até 2020. A Índia usou medida similar, prometendo cortar emissões entre 20% e 25% no mesmo período. Já o Brasil quer mitigar a emissão de seus GEEs (gases do efeito estufa) em mais de um terço em relação aos níveis projetados para 2020, e o México, em 30%.

Mais um passo foi dado para combater as alterações climáticas, que já afetam tantos países ao redor do mundo. Nas últimas semanas, dezenas de nações em desenvolvimento submeteram seus projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEEs) a um inventário da ONU, decidido na Conferência de Cancún, no México, em dezembro de 2010.

Após a Conferência, os países subdesenvolvidos decidiram se juntar para criar seus próprios planos de mitigação das emissões de carbono. A lista dessas ações segue um inventário com os planos de redução das nações industrializadas, que já vinham sendo reunidos desde o dia 10 de março. Até poucas semanas atrás, essa relação continha os planos dos 27 países da União Europeia e mais 15 de outras nações desenvolvidas, como os Estados Unidos o Japão, o Canadá e a Austrália.

Agora, unem-se a estas propostas os planos dos países em desenvolvimento. Essas promessas de redução são voluntárias, e a maioria das nações subdesenvolvidas vai precisar do auxílio dos países industrializados para colocar em prática seus projetos.

Muitas dessas propostas já haviam sido anunciadas antes, mas a listagem formaliza o compromisso dos países com a redução de emissões de dióxido de carbono. Esse documento é base para um sistema de “responsabilidade mútua”, mecanismo que permitirá aos países saber o que as outras partes do acordo estão fazendo para mitigar as mudanças climáticas.

Alguns países criaram propostas vagas e curtas. A China, por exemplo, afirmou apenas que vai diminuir a emissão de carbono por unidade de produção entre 40% e 45% até 2020. A Índia usou medida similar, prometendo cortar emissões entre 20% e 25% no mesmo período. Já o Brasil quer mitigar a emissão de seus GEEs em mais de um terço em relação aos níveis projetados para 2020, e o México, em 30%.

Outras propostas são detalhadas ao extremo. A Etiópia, por exemplo, listou 75 projetos, incluindo cada nova linha de trem que utilizará energia renovável. Já a Argentina, que baniu o uso de lâmpadas incandescentes, especificou subsídios para a energia eólica e solar. A Costa do Marfim listou um plano para mais hidrelétricas, energia renovável e administração florestal.

A Mongólia, além de instalar usinas solares no deserto, quer dar a criadores e agricultores nômades turbinas eólias portáteis. O país afirmou que ainda precisará utilizar carvão para sistemas de aquecimento doméstico, mas quer instalar boilers mais eficientes. A República Centro-Africana quer expandir suas florestas para cobrir um quarto de seu território.

O Himalaia e o Butão prometeram não emitir mais carbono do que suas florestas possam absorver. A Costa Rica e as Maldivas pretendem neutralizar suas emissões de carbono, e até o Afeganistão promete implementar planos contra as mudanças climáticas.

Além do inventário, 194 países concordaram, em Cancún, em criar o “Fundo Verde do Clima”, que reunirá cerca de US$10 bilhões dos países industrializados a serem investidos nos países em desenvolvimento, com objetivo de ajudar essas nações a se adaptarem às alterações climáticas e reduzirem suas emissões.

No entanto, as ações para definir mais detalhes do fundo foram adiadas, pois os países da América Latina e Ásia ainda não tinham definido quais seriam os seus representantes do comitê transitório, que ficará responsável por administrar o fundo.

O próximo fórum para discutir ações contra as mudanças climáticas se reunirá em Bancoc, na Tailândia, entre 3 e 8 de abril. Em seguida, Bonn, na Alemanha, sediará uma reunião, entre 6 e 17 de junho, e outro encontro acontecerá em Durban, na África do Sul, entre 9 e 28 de novembro. Neste último, espera-se que o comitê transitório apresente um plano completo para o “Fundo Verde do Clima”. (Instituto CarbonoBrasil)

Estudo calcula gases-estufa no café

Maior fonte de emissões vem de adubos que contêm nitrogênio, segundo pesquisa do Cena/USP
23 de março de 2011
Karina Ninni - O Estado de S.Paulo

ESPECIAL PARA O ESTADO
A maior fonte de emissões de gases formadores do efeito estufa (GEE) na agricultura brasileira é a utilização de fertilizantes nitrogenados. Quem afirma é o professor Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP (Cena/USP), responsável pela realização do primeiro estudo divulgado sobre emissões da agricultura no Brasil.

A pesquisa enfoca o setor cafeeiro e foi feita a pedido da Illycaffè, torrefadora italiana, em três propriedades localizadas em diferentes regiões do Estado de Minas Gerais, o maior produtor brasileiro. "As plantas precisam do nitrogênio para produzir proteína vegetal. Há nitrogênio no solo, mas não é suficiente. Então, utilizam-se fertilizantes com nitrogênio. O problema é que a parcela não absorvida pelas plantas produz um gás chamado óxido nitroso (N2O), que é 300 vezes mais potente na geração de efeito estufa do que o CO2", diz Cerri.

Por regiões. Os primeiros resultados (ano agrícola de 2009/2010) revelam que as emissões relativas a transporte e eletricidade para o setor cafeeiro não chegam perto das atribuídas ao uso de fertilizantes nitrogenados. No cerrado mineiro, por exemplo, enquanto 14% das emissões provêm do transporte e 1% da energia elétrica, 75% são originadas do uso de fertilizantes. Na Zona da Mata, a proporção é, respectivamente, de 11% (transporte), 1% (energia) e 78% (fertilizantes).

"Na propriedade do sul de Minas, o agricultor, em vez de usar nitrogenados, adotou um organomineral. Ou seja, misturou os nitrogenados a um composto orgânico, o que reduz o peso da emissão para 50%."

Quando se analisa a quantidade de CO2 equivalente emitida por quilo de produto colhido, o cerrado mineiro tem o maior valor: 3 quilos de CO2 equivalente por quilo de café produzido.

Agora, as pesquisas vão responder como usar fertilizantes nitrogenados de forma a reduzir a emissão de N2O e qual é a fixação de CO2 no solo da lavoura cafeeira. "Até agora não sabemos quanto o café fixa de carbono no solo, mas certamente poderemos deduzir de boa parte das emissões a parcela relativa à fixação de carbono", explica.

Ele crê que os produtores possam se adequar a outras maneiras de usar adubos nitrogenados, com parcimônia, desde que isso agregue valor ao produto. "O cafeicultor só faz uma mudança no manejo quando isso agrega valor. Se o mercado externo quiser café com menos emissões, vamos nos adaptar."

In the dark over oil reserves

Shell says we're entering a 'zone of uncertainty' over oil supply – a frank admission it hasn't a clue what's going to happen


Andrew Simms guardian.co.uk, Monday 28 March 2011
Energy companies are uncertain about how much oil remains, yet have largely abandoned research into renewables. Photograph: Getty

There is a perverse circular logic to George Osborne using tax revenues from the oil companies to subsidise our national car habit. It may worsen long-term energy security, obstruct the shift to a low-carbon economy and leave us vulnerable to uncontrollable global events, but it makes short-term political sense to the government.

Just how big a gamble Osborne is making becomes clear when you look at how the oil companies themselves see the future.

Looking into its crystal ball of energy scenarios, Shell breaks down where it thinks we've got to, and where we might be going in a new report called Signals & Signposts. It warns that we face an upcoming "zone of uncertainty" – a frank admission that, really, it hasn't a clue what is going to happen. Then it labels a large block of time between now and 2050 as a "zone of extraordinary opportunity or misery" (Shell's involvement in the Niger delta demonstrates that the two are not necessarily mutually exclusive).

Using optimistic assumptions, the company nevertheless sees a gap emerging by 2050 between "business-as-usual-supply" and "business-as-usual-demand", a gap so large that it is equal to the size of the whole industry in the year 2000.

The US mission in Saudi Arabia, a country long relied on to increase production when times are hard, recently questioned in a cable made available by WikiLeaks, "whether they any longer have the power to drive [oil] prices down for a prolonged period". Such revelations make the markets jittery. Events like those in Libya make them jump. And the industry is already embroiled in problems elsewhere.

For example, it can no longer safely rely for slack production on the potential of more marginal fields, such as the Macondo prospect in the Gulf of Mexico, now famous as the scene of BP's Deepwater Horizon debacle.

US giant Chevron is paying for big display adverts that declare: "Oil companies should support the communities they're part of." But it's unlikely that they'll do so by complying with the courts in Ecuador who recently fined the company £5bn, half its annual profit, for polluting the communities that "they're part of". Unhappy BP sees output falling in key countries like the US, Russia and the UK, and is now caught up with dark machinations in Russia that smack of the old days of the "great game".

The whole industry is faced with the odd prospect that the more successfully they conduct their core business, of finding and pumping oil, the more quickly they will do themselves out of a job. A comparison of numerous forecasts by Steve Sorrell and colleagues, published in the journal Energy Policy, revealed a list of 56 oil-producing countries already apparently past their point of peak production. They concluded that any forecast putting the global peak and decline of oil production more than a couple of decades away was based on assumptions that were "at best optimistic and at worst implausible". Some thought it had already happened, more still that it would occur in the next five years. When markets decide that the moment has come, the foundations of the economy could change as fast as a Middle Eastern regime.

But within the industry there remains the same kind of blithe confidence in its ability to continue as before, propping up our economy and lifestyles, that governments just a few years ago placed in the banking system.

The cost of oil imports as a share of GDP for the US, Europe and Japan is back around the level it was in 2008, at between 2-3%, roughly double the average for the past four decades. That doesn't sound much, but it's misleading. Because, in effect, 100% of the productive activities that comprise GDP depend on energy.

The Shell report spoke of "volatile transition", and of economic outlooks that range from "severe-yet-sharp" to "deeper-and-longer" and the marvellously catchy, if dated, "Depression 2.0".

With so much insight, it is remarkable then, that Shell, like BP, has reversed at speed out of renewable energy. Shell dropped investment in wind, solar and hydrogen energy in 2009, the same year BP closed the London HQ of BP Alternative Energy, along with its solar plants in the US and Spain.


Fatih Birrol, chief economist at the International Energy Agency, says we have moved beyond Shell's "uncertainty" into the "danger zone" for the global economy.

It's been tempting to speculate that Britain is returning to the 1970s. We're teetering around recession, there's upheaval in the Middle East and concern about the rising price of oil is spilling over from the cost of filling a petrol tank to filling a fridge with food.

But if problems with production, politics and price combine, the danger is that this may be less a repeat of Britain in the 1970s, and more like Cuba in the 1990s when it suddenly lost access to cheap cold war oil.

On the bright side, almost overnight, Cuba took to urban organic farming, walking, cycling, mending, repairing and reusing what it already had. Cubans might not have chosen to be so, but they became the modern age's first previously addicted explorers of a world beyond oil, and they found themselves much healthier and with some of the best mechanics in the world. The harder we cling to the comfort of oil, the sooner we might not have that choice either

Looking for Luck in Libya By THOMAS L. FRIEDMAN -- NYtimes

Published: March 29, 2011

 There is an old saying in the Middle East that a camel is a horse that was designed by a committee. That thought came to my mind as I listened to President Obama trying to explain the intervention of America and its allies in Libya — and I don’t say that as criticism. I say it with empathy. This is really hard stuff, and it’s just the beginning.

Thomas L. Friedman

When an entire region that has been living outside the biggest global trends of free politics and free markets for half a century suddenly, from the bottom up, decides to join history — and each one of these states has a different ethnic, tribal, sectarian and political orientation and a loose coalition of Western and Arab states with mixed motives trying to figure out how to help them — well, folks, you’re going to end up with some very strange-looking policy animals. And Libya is just the first of many hard choices we’re going to face in the “new” Middle East.

How could it not be? In Libya, we have to figure out whether to help rebels we do not know topple a terrible dictator we do not like, while at the same time we turn a blind eye to a monarch whom we do like in Bahrain, who has violently suppressed people we also like — Bahraini democrats — because these people we like have in their ranks people we don’t like: pro-Iranian Shiite hard-liners. All the while in Saudi Arabia, leaders we like are telling us we never should have let go of the leader who was so disliked by his own people — Hosni Mubarak — and, while we would like to tell the Saudi leaders to take a hike on this subject, we can’t because they have so much oil and money that we like. And this is a lot like our dilemma in Syria where a regime we don’t like — and which probably killed the prime minister of Lebanon whom it disliked — could be toppled by people who say what we like, but we’re not sure they all really believe what we like because among them could be Sunni fundamentalists, who, if they seize power, could suppress all those minorities in Syria whom they don’t like.

The last time the Sunni fundamentalists in Syria tried to take over in 1982, then-President Hafez al-Assad, one of those minorities, definitely did not like it, and he had 20,000 of those Sunnis killed in one city called Hama, which they certainly didn’t like, so there is a lot of bad blood between all of them that could very likely come to the surface again, although some experts say this time it’s not like that because this time, and they could be right, the Syrian people want freedom for all. But, for now, we are being cautious. We’re not trying nearly as hard to get rid of the Syrian dictator as we are the Libyan one because the situation in Syria is just not as clear as we’d like and because Syria is a real game-changer. Libya implodes. Syria explodes.

Welcome to the Middle East of 2011! You want the truth about it? You can’t handle the truth. The truth is that it’s a dangerous, violent, hope-filled and potentially hugely positive or explosive mess — fraught with moral and political ambiguities. We have to build democracy in the Middle East we’ve got, not the one we want — and this is the one we’ve got.

That’s why I am proud of my president, really worried about him, and just praying that he’s lucky.

Unlike all of us in the armchairs, the president had to choose, and I found the way he spelled out his core argument on Monday sincere: “Some nations may be able to turn a blind eye to atrocities in other countries. The United States of America is different. And, as president, I refused to wait for the images of slaughter and mass graves before taking action.”

I am glad we have a president who sees America that way. That argument cannot just be shrugged off, especially when confronting a dictator like Col. Muammar el-Qaddafi. But, at the same time, I believe that it is naïve to think that we can be humanitarians only from the air — and now we just hand the situation off to NATO, as if it were Asean and we were not the backbone of the NATO military alliance, and we’re done.

I don’t know Libya, but my gut tells me that any kind of decent outcome there will require boots on the ground — either as military help for the rebels to oust Qaddafi as we want, or as post-Qaddafi peacekeepers and referees between tribes and factions to help with any transition to democracy. Those boots cannot be ours. We absolutely cannot afford it — whether in terms of money, manpower, energy or attention. But I am deeply dubious that our allies can or will handle it without us, either. And if the fight there turns ugly, or stalemates, people will be calling for our humanitarian help again. You bomb it, you own it.

Which is why, most of all, I hope President Obama is lucky. I hope Qaddafi’s regime collapses like a sand castle, that the Libyan opposition turns out to be decent and united and that they require just a bare minimum of international help to get on their feet. Then U.S. prestige will be enhanced and this humanitarian mission will have both saved lives and helped to lock another Arab state into the democratic camp.

Dear Lord, please make President Obama lucky.

Mais energia com menor custo, entrevista com Ildo Sauer

Publicado em março 29, 2011 por HC
ENTREVISTA

Países como o Brasil, com grande oferta de recursos para a produção de energia, deveriam repensar sua política de investimentos em reatores nucleares, afirma o professor Ildo Sauer

O custo incremental de Angra 3, ou seja, os gastos futuros para sua conclusão, ficarão em torno de R$ 8 bilhões. “Podemos demonstrar que com metade desse custo é possível produzir a mesma energia que Angra vai produzir”, afirma o professor Ildo Sauer, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP.

Há estimativas de que os quatro novos reatores nucleares previstos para serem instalados no Nordeste terão custos semelhantes, ou seja, cerca de R$ 8 bilhões cada um, segundo Sauer. Assim, os cinco novos reatores previstos totalizam um montante de R$ 40 bilhões. “Em artigo publicado na Energy Policy em 2009 com Joaquim de Carvalho, juntamente com os estudos recém-concluídos, mostramos que seria possível substituir esses cinco novos reatores por outras alternativas energéticas que custariam a metade e evitaria a criação de um estoque de material radioativo que vai exigir cuidados intensos por 300 anos, e cuidados de grande porte por cerca de 2 mil anos.”

Há uma pressão muito forte de lobbies e comunidades internacionais que defendem a energia nuclear, lembra Sauer. “Mas precisamos repensar profundamente se seria o caso de lançar mão dessa tecnologia no Brasil.”

A tecnologia nuclear para a geração de energia é herdeira do desenvolvimento feito nos anos de 1940-50 nos Estados Unidos para submarinos nucleares. Ou seja, foi adaptada para a geração elétrica. “Essa tecnologia não necessariamente precisa permanecer como está, pois há outros recursos e critérios que tornam o reator inerentemente seguro, no sentido de que não dependeria mais de componentes ativos como uma bomba acionada por eletricidade para resfriar o reator depois que é desligado. Seria um sistema ativado só por convecção natural. Há projetos na Marinha que contemplam isso. Inclusive tentei defender essa ideia quando fui gerente da construção de parte do reator experimental de Iperó (SP).”

Os reatores de Fukushima também são de geração antiga, afirma Sauer. “Pelo que sei, há dois reatores no mundo apenas sendo construídos considerando os sistemas de convecção natural. O sistema chamado Advanced Pressurized Water Reator (APWR) permite segurança passiva. Os convencionais como no Brasil são Pressurized Water Reator (PWR). Os de Fukushima são Boiling Water Reator (BWR)”, afirma o professor do IEE.

Discurso – Ao contrário do discurso dos que defendem o uso da energia nuclear no Brasil, construir novos reatores não acrescenta muito em capacitação tecnológica, afirma o professor Ildo Sauer. “É uma produção em série, que já está estruturada. É como comprar jatos e dizer que com isso estamos adquirindo tecnologia nova”, afirma.

O sucesso do Brasil na área nuclear deve-se muito menos ao acordo Brasil-Alemanha, que foi um “enorme sugador de recursos públicos”, do que ao programa paralelo que a Marinha comandou com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na opinião de Sauer.

Segundo o professor, foi o programa da Marinha com o Ipen que trouxe conhecimentos na área de enriquecimento nuclear e permitiu a capacidade de planejar, projetar e construir os equipamentos de um reator autônomo que está desmontado em Iperó e cuja montagem talvez custe de R$ 100 a R$ 200 milhões apenas para sua operação experimental.

“Eu comungo com a comunidade nuclear brasileira o fato de que nenhuma sociedade desenvolvida pode renunciar ao conhecimento científico e tecnológico da área nuclear pelos enormes benefícios potenciais que ele traz à indústria, engenharia, genética, agricultura e, acima de tudo, na medicina”, afirma o professor.

Por isso, defende Sauer, o Brasil deveria reconsiderar o gasto de R$ 40 bilhões em novos reatores de energia nuclear e pensar prioritariamente em montar e operar o reator experimental de Iperó com gastos de pouco menos de R$ 1 bilhão.

Além disso, afirma Sauer, o País deveria se preocupar em finalizar o desenvolvimento de um reator de alto fluxo neutrônico que já vem sendo planejado há cerca de 20 anos e que traria grandes avanços na área de novos materiais, agricultura e, sobretudo, resolveria a enorme dependência que o Brasil tem hoje na produção de radioisótopos para diagnósticos médicos.

“Hoje o Ipen faz o que pode, mas ainda temos que importar radioisótopos e com isso a população usuária do SUS está praticamente desligada desse benefício diagnóstico pelo seu alto custo”, afirma Sauer. Esse ambiente de planejar, projetar, construir reator consolidaria a capacitação humana de grande especialidade no Brasil.

O professor Sauer defende ainda que o Brasil revise sua posição no Tratado de não-Proliferação de Armas Nucleares, assinado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. “O documento cria países legitimados para o desenvolvimento de armas nucleares e outros desautorizados. Acho que a ideia seria limpar a humanidade desses armamentos, mas o quadro atual não permite isso. Portanto, o tratado cria uma disfunção entre o poderio militar e o econômico.”

Para o professor, atualmente não há por que delegar hegemonia aos dez países detentores de armas nucleares. “Isso cria uma relação muito desigual. É necessário usar o papel do Brasil, Argentina e outros países para forçar uma mudança nesse cenário. O Brasil foi ingênuo ao assinar esse tratado, sem as salvaguardas de que o mundo realmente iria caminhar para o desarmamento.”

Entrevista realizada por Sylvia Miguel, no Jornal da USP, publicada pelo EcoDebate, 29/03/2011

Estudo estima que mais de 1 bilhão de pessoas não terão água em 2050

Publicado em março 29, 2011 por HC
Mais de 1 bilhão de moradores das cidades enfrentarão uma grave escassez de água em 2050 na medida em que o aquecimento global piorar os efeitos da urbanização, indicou um estudo [Urban growth, climate change, and freshwater availability] nesta segunda-feira. Reportagem da France Presse, com informações adicionais do EcoDebate.

A escassez ameaça o saneamento em algumas das cidades de mais rápido crescimento no mundo, particularmente na Índia, mas também representa riscos para a vida silvestre caso as cidades bombeiem água de fora, afirma o artigo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS).

O estudo concluiu que, se continuarem as atuais tendências de urbanização, em meados deste século em torno de 990 milhões de moradores de cidades viverão com menos de 100 litros diários de água cada um – mais ou menos a quantidade necessária para encher uma banheira -, quantidade que segundo os autores é a mínima necessária.

Além disso, mais 100 milhões de pessoas não terão água para beber, cozinhar, limpar, tomar banho e ir ao banheiro. “Não tomem os números como um destino. São o sinal de um desafio”, disse o principal autor do estudo, Rob McDonald, do grupo privado ambiental The Nature Conservancy (conservação de recursos naturais), com sede em Washington.

Atualmente, cerca de 150 milhões de pessoas estão abaixo do patamar dos 100 litros de uso diário. A casa de um americano médio gasta 376 litros por dia por pessoa, apesar de o uso real variar dependendo da região, disse McDonald. Mas o mundo está experimentando mudanças sem precedentes no nível urbano, à medida que as populações rurais de Índia, China e outras nações em desenvolvimento mudam-se para as cidades.

As seis maiores cidades da Índia – Bombaim, Delhi, Kolkata, Bangalore, Chennai e Hyderabad – estão entre as cidades mais afetadas pela escassez de água. O estudo prevê que 119 milhões de pessoas não terão água suficiente até 2050 apenas nas planícies e no delta do rio Ganges.

A África ocidental também enfrentará escassez em cidades como Lagos, na Nigéria, e Cotonu, em Benin, segundo o estudo. Outras cidades que sofrerão o impacto são Manila, Pequim, Lahore e Teerã.

O artigo “Urban growth, climate change, and freshwater availability“, publicado na PNAS está disponível para livre e integral acesso. Para acessar o artigo, no original em inglês, clique aqui.

Para outras informações publicamos, abaixo, o abstract:

Urban growth, climate change, and freshwater availability
Robert I. McDonalda,1,
Pamela Greenb,
Deborah Balkc,
Balazs M. Feketeb,
Carmen Revengaa,
Megan Toddc, and
Mark Montgomeryd

+ Author Affiliations
aThe Nature Conservancy, Worldwide Office, Arlington, VA 22203;
bCity University of New York (CUNY) Environmental Cross-Roads Initiative and City College, New York, NY 10031;
cCUNY Institute for Demographic Research and Baruch College, New York, NY 10010; and
dPopulation Council and Economics Department, Stony Brook University, Stony Brook, NY 11794-4384

Edited by Peter H. Gleick, Pacific Institute for Studies in Development, Environment, and Security, Oakland, CA, and approved February 22, 2011 (received for review August 4, 2010)

Abstract
Nearly 3 billion additional urban dwellers are forecasted by 2050, an unprecedented wave of urban growth. While cities struggle to provide water to these new residents, they will also face equally unprecedented hydrologic changes due to global climate change. Here we use a detailed hydrologic model, demographic projections, and climate change scenarios to estimate per-capita water availability for major cities in the developing world, where urban growth is the fastest. We estimate the amount of water physically available near cities and do not account for problems with adequate water delivery or quality. Modeled results show that currently 150 million people live in cities with perennial water shortage, defined as having less than 100 L per person per day of sustainable surface and groundwater flow within their urban extent. By 2050, demographic growth will increase this figure to almost 1 billion people. Climate change will cause water shortage for an additional 100 million urbanites. Freshwater ecosystems in river basins with large populations of urbanites with insufficient water will likely experience flows insufficient to maintain ecological process. Freshwater fish populations will likely be impacted, an issue of special importance in regions such as India’s Western Ghats, where there is both rapid urbanization and high levels of fish endemism. Cities in certain regions will struggle to find enough water for the needs of their residents and will need significant investment if they are to secure adequate water supplies and safeguard functioning freshwater ecosystems for future generations.

Published online before print March 28, 2011, doi: 10.1073/pnas.1011615108 PNAS March 28, 2011

*O texto original da France Presse foi publicado no Correio Brasiliense.
EcoDebate, 29/03/2011

Estudo do IPT indica as áreas de risco para o aquífero Guarani no Estado de São Paulo


Publicado em março 29, 2011 por HC

Canavial oferece risco ao aquífero, aponta IPT – Mapeamento prevê manejo sustentável e o veto a indústrias de alto risco

Estudo sobre o Guarani irá para comitês de bacias hidrográficas e, depois, deverá se tornar um projeto de lei

Técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) concluíram o primeiro estudo sobre as áreas de risco para o aquífero Guarani no Estado de São Paulo.

Hoje o maior vilão do aquífero são lixões desativados, segundo o responsável pelo estudo, José Luiz Albuquerque, pesquisador do departamento de hidrografia e avaliação socioambiental do IPT. Reportagem de Adriana Matiuzo, na Folha de S.Paulo.

Apesar da rigidez atual com os aterros, o total de lixões antigos é desconhecido. O estudo também aponta que os canaviais são maioria entre as chamadas zonas de potencial de risco na região, devido ao uso de agrotóxicos e ao tipo de manejo.

O mapeamento, que traz uma série de recomendações para a ocupação sustentável do manancial, embasará um futuro projeto de lei.

O estudo dividiu em três categorias o solo dos 143 mil km2 do aquífero.

O mapa se divide em áreas de restrição à ocupação (172,9 km2 de áreas de preservação permanente e reservas legais), de ocupação dirigida (25,9 mil km2 considerados vulneráveis à contaminação) e de recuperação ambiental (degradadas por erosões, lixões ou favelas).

Para as áreas de restrição, o estudo indica, entre outros, promover o manejo sustentável e projetos ambientais.

Já para as áreas de ocupação dirigida, as diretrizes do estudo indicam, por exemplo, a necessidade de barrar indústrias de alto risco ambiental, culturas agrícolas que usem agrotóxicos de grande mobilidade e até mesmo a ocupação onde há supressão de florestas.

Já nas áreas degradadas, as regras são peculiares e definidas caso a caso.

Segundo Albuquerque, o estudo será levado para discussão de comitês de bacias hidrográficas e, depois, deverá se tornar um projeto que proteja o aquífero.

Apesar de ter sido mapeado nos anos 70, até hoje o manancial não tem leis específicas que o protejam, de acordo com o pesquisador.

De acordo com ele, foram avaliados os graus de vulnerabilidade conforme a proximidade do solo com o manancial, a presença de mata nativa para protegê-lo e o tipo de atividade econômica.

Para o diretor do Daee Carlos Alencastre, o estudo é importante porque propõe uma série de ações para coibir empreendimentos que causem contaminação ao aquífero.

“Ainda tem muita discussão, porque o estudo esbarra em interesses particulares”, afirmou ele.

O promotor Marcelo Pedroso Goulart disse acreditar que o processo será lento por depender do crivo da Assembleia Legislativa.

O ESTUDO DO AQUÍFERO
1 O que é o estudo?

É um mapeamento sobre o aquífero, que recomenda uma série de regras, especialmente da ocupação sobre o manancial. Iniciado em 2008, teve seu relatório concluído em 2010

2 O que diz?

O estudo analisou os 143 mil km2 do aquífero no Estado e classificou em: áreas de restrição (preservação permanente e reservas legais), de ocupação dirigida (altamente vulneráveis à contaminação) e de recuperação ambiental (degradadas por erosão, lixões ou favelas)

3 Quem fez?

IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), CPRM (Serviço Geológico Brasil) e Instituto Geológico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente

4 O que acontece agora?

O estudo foi aprovado pelo setor jurídico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e será discutido nos comitês das bacias hidrográficas e no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Depois poderá virar projeto de lei e ir para a Assembleia

EM RIBEIRÃO
Ministério Público e sociedade civil listaram normas para a zona leste da cidade, área de recarga do manancial. Há pré-projeto na prefeitura, que pode ir à Câmara como projeto de lei

NO PAÍS
O governo federal planeja uma legislação para o manancial, que passa por seis Estados. O estudo servirá como referência.

Fonte: IPT
EcoDebate, 28/03/2011

Nordic countries want to take the carbon market to the next level

The current global carbon market could be improved by a new Nordic initiative going beyond single emission reduction projects to include broader segments of the economy. The project could help make global carbon trading more efficient and introduce new mechanisms into the ongoing global climate negotiations.

Mar 25, 2011

- The Nordic Scaled Up Mitigation Initiative could help make the whole NAMAs process, and by implication global carbon trading, more effective, says Swedish climate expert Olle Björk.


The project was initially presented by the Nordic working group on global climate negotiations and Nordic Environment Financing Corporation (NEFCO) at COP16 in Cancun and drew a good deal of attention there.

A feasibility study has been initiated, involving potential partner countries in Asia and South America. The first report is expected in June and pending further financing from the Nordic governments the project could be initiated before COP17 in Durban next December.

In the current carbon trade system - the Clean Development Mechanism (CDM) under the Kyoto Protocol - emission credits are issued for single projects or programmes in developing countries.

The new initiative – the Nordic Scaled Up Mitigation Initiative – intends to prepare the ground for up-scaling the entire process in order to simplify the procedures, increase the volumes and create net benefits to the atmosphere.

Instead of a simply off-setting the emissions from developed countries – as is often the case in the conventional CDM – net atmospheric benefits could be secured through the combination of carbon trade to voluntary domestic policy measures in developing countries.

The background for the initiative are the so called Nationally Appropriate Mitigation Actions (NAMAs) in the developing countries, introduced at the Bali climate negotiations in 2007 and included in the climate negotiation sand decision texts since then.

"net atmospheric benefits could be secured through the combination of carbon trade to voluntary domestic policy measures in developing countries The process to define these NAMAs has so far been fraught with difficulty. The Nordic Scaled Up Mitigation Initiative aims at successful practical action to implement NAMAs on the ground and contributes to gathering real-life experience from marked based NAMAs."

By linking the proposed sector based mitigation programme to the NAMA’s, the ensuing carbon trade of the industrialised countries’ in developing countries could also generate a more genuine link to development aid and better coherence with national strategies.

- The Nordic Scaled Up Mitigation Initiative could help make the whole NAMAs process, and by implication global carbon trading, more effective. A major part of our project is to document and build up knowledge on how this can work on a sector to sector basis, to create new instruments that can be used worldwide, says Swedish climate expert Olle Björk.

Björk is long time chair of the Nordic ad hoc group on climate negotiations – a group of government officials from all five Nordic countries – that stands behind the new initiative along with the Nordic Environment Financing Corporation under the Nordic Council of Ministers.

Aquífero na Amazônia pode abastecer a população mundial em até 100 vezes

Data: 24/03/2011 10:23
Por: Redação TN / EcoD
Com um volume de 86 mil quilômetros cúbicos de água doce, o equivalente para abastecer a população mundial (atualmente estimada em sete bilhões) em até 100 vezes, o Aquífero Alter do Chão foi alvo de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), publicado em abril de 2010. Localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá, tem quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani (com 45 mil km³ de volume), até então considerado o maior do país e que passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai.

"Os estudos que temos são preliminares, mas há indicativos suficientes para dizer que se trata do maior aquífero do mundo, já que está sob a maior bacia hidrográfica do mundo, que é a do Amazonas/Solimões. O que nos resta agora é convencer toda a cadeia científica do que estamos falando", afirmou ao portal G1 Milton Matta, geólogo da UFPA.

O especialista adiantou que o Aquífero Alter do Chão deverá ter o nome mudado por ser homônimo de um dos principais pontos turísticos do Pará, o que costuma provocar enganos sobre a localização da reserva de água. Uma das sugestões é Aquífero Grande Amazônia, em razão de uma "visibilidade comercial mais interessante". Matta tenta concluir a segunda etapa do estudo junto ao patrocínio do Banco Mundial e outros apoiadores científicos.

Ele também destacou a qualidade da água que pode ser explorada no Alter do Chão. "A região amazônica é menos habitada e por isso menos poluente. No Guarani, há um problema sério de flúor, metais pesados e inseticidas usados na agricultura. A formação rochosa é diferente e filtra menos a água da superfície. No Alter do Chão as rochas são mais arenosas, o que permite uma filtragem da recarga de água na reserva subterrânea", comparou Oliveira.

Além do Guarani, que abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo-se à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai, e do Alter do Chão, o Brasil também possui outros aquíferos importantes, como é o caso do Urucuia (BA), Serra Grande (PI) e Cabeças (MA).

Forest Carbon Standards // WWF

A plethora of different carbon standards exists today. A general frameworkneeds to be developed, to assess the credibility and effectivenessof these standards.

"...Forests are now widely recognised as playing a key role in regulating global carbon cycles, comprising as they do the largest terrestrial store of carbon. Deforestation and forest degradation – mostly in the tropics – are responsible for about 15 per cent of global greenhouse gas (GHG) emissions.1 Managing forest carbon stocks is therefore a critical component of any comprehensive approach to keeping the rise in global temperature well below 2 degrees Celsius.

Concerns about the climate change implications of deforestation have led to the development of numerous initiatives to try and harness the GHG reduction potential of efforts to reduce emissions from deforestation and forest degradation in developing countries (REDD). Some of these initiatives have focussed on developing projects for the voluntary carbon market.

This market has developed over recent years as more and more companies, governments, organisations and the general public are willing to offset their climate footprint through the funding of projects, including forest projects which reduce GHG emissions.

2 Even the inconclusive results of the United Nations Conference on Climate Change in Copenhagen do not appear to have negatively impacted the demand for forestry as a voluntary offset option.

3 Voluntary carbon offsets bring together the demand for compensation
of emissions from energy use with investors and project proponents who can deliver carbon emission reduction credits from forest projects. There is also a range of voluntary forest carbon activities that are aiming to reduce carbon emissions but are not ultimately seeking crediting or offsetting. These usually take place at a project or landscape level.

Alongside these voluntary carbon projects is an emerging set of national REDD programs and early actions to support the development of national REDD programs. In the context of the international climate negotiations, the concept of REDD has been expanded (and renamed REDD-plus) to address not only deforestation and forest degradation, but also the conservation of forest carbon stocks, the sustainable management of forests, and the enhancement of forest carbon stocks. While the Copenhagen
conference did not produce an international agreement on the post-2012 climate deal, it did move forward on developing REDD-plus..."

Is Cap-and-Trade Kaput?

Eco Energy Sources & How To Be Green //Rocket NEws

Written on March 22, 2011 by Editor
‘Cap-and-trade has become a political anathema,’ says Jennifer Smokelin, a US environmental attorney with Reed Smith who specialises in climate issues. ‘I think it is safe to say anything called cap-and-trade, and anything that functions substantially like cap-and-trade, will not be passed as a legislative act in this Congress,’ says Smokelin.

What does US abandonment of cap-and-trade mean to the world, specifically Europe, which has the only major functioning carbon market? And will the renewable energy industry still thrive, without a US carbon trading programme?



Obama has failed to push through controversial carbon legislation (Source: White House)

The U.S. is crucial in any worldwide attempt to reduce greenhouse gases because it is such a high emitter. Even with the rapid advancements in China’s economy, the U.S. is expected to remain the largest source of petroleum-related carbon dioxide emissions for many years, emitting 2.6 billion tonnes to China’s 2.2 billion in 2035, according to the U.S. Energy Information Administration. Similarly, when it comes to carbon emissions from natural gas, the U.S. bests China by almost three times with 1.3 billion tonnes in the next 25 years. China does outdistance the U.S. for carbon emissions from coal, with forecasts showing it responsible for 10.5 billion tonnes in 2035, 55% of the world’s total. Still, the U.S. contributes a hefty share from coal as well: 2.4 billion tonnes, or 12% of the total in 2035.

From an economic perspective, Europe and the U.S. would have created a sizable trading market, had the U.S. gone forward with cap-and-trade, a programme that caps carbon dioxide emissions at a pre-set level and allows trading of permits for compliance. The European Union is the world’s largest economy and the U.S. the second largest; together they represent US$29.61 trillion in gross domestic product, as measured in purchasing power parity. Paired they comprise about three-fourths of carbon emissions from developed countries and roughly one-third of worldwide emissions.

EU Demoralised?

U.S. abandonment of cap-and-trade leaves Europe, alone, with the world’s only major carbon allowance and offset market. ‘European markets are the only game in town,’ says Lisa Zelljadt, senior analyst at Point Carbon, an Oslo-based marketing and trading analytics company. ‘They were expecting that there might be other large sources of demand around the world and other carbon markets they could link to, creating a global market which is more liquid. That’s not going to happen. So the European Union Emissions Trading System, this $2 billion programme, is going to go forward, and it is the only programme of that size.’

Smokelin says that for the EU this is demoralising: ‘When you move onto a course from a national standpoint, you want to see your like-minded countries move that way too’. Equally important, any part of the world going it alone faces singular economic pressure by putting a price on carbon at a time when fossil fuel use remains high. ‘Every widget made in Europe becomes more expensive than a widget made in a country without a cap-and-trade plan. That would then in turn build political pressure in the EU to take a look at whether a cap-and-trade system is the way to be going,’ Smokelin says.

The U.S. failure to pursue a carbon emissions trading market also gives good excuse for wavering nations to pause. For example, Canada is unlikely to move forward without its closest trading partner, the U.S., Smokelin says. And while Australia signed the Kyoto Protocol, it does not appear to be moving quickly toward cap-and-trade either.

That’s not to say no one will join Europe. Indeed, smaller regional efforts are underway in provinces in China, certain U.S. states and other parts of the world. ‘There will continue to be carbon markets but they will be more fragmented. It will be more regional programs at various levels,’ says Point Carbon’s Zelljadt.

Renewables Go Their Own Way

But while enthusiasm may be tenuous for carbon emissions trading markets, support for renewable energy remains strong. The industry framed itself as not only a solution to climate change, but also as an economic and job building resource. The message has stuck. The U.S. resisted cap-and-trade, but it added 16 GW of new electric generating capacity from wind, solar, and geothermal energy over the last two years, an increase of nearly 60%.

Even political foes of cap-and-trade seem to support renewable energy. With or without cap-and-trade, renewable energy is expected to continue its US expansion. Renewable energy will account for 45% of the growth in electric generation by 2035. If the federal production tax credit is extended for 25 years, renewable energy will expand even faster, with growth between 61% and 65%, according to EIA’s Annual Energy Outlook 2010. Worldwide, renewable energy use is expected to triple between 2008 and 2035, driven by the power sector where green energy’s share in electricity supply could rise from 19% in 2008 to 32% in 2035, according to the International Energy Agency’s World Energy Outlook 2010. IEA based its forecast on a ‘new policies scenario’ where governments live up to commitments they have made.



Annual global support for renewables in the New Policies Scenario (Source: IEA, World Energy Outlook 2011)

‘A lot of it has to do with the economy. When you are going through bankruptcy, you are really not interested in carbon credits,’ says Mark Thimke, a partner with Foley Lardner and member of the environmental and energy team. ‘But renewable energy seems to have traction in Congress. It seems to be divorced from climate change and able to go forward in the political world,’ he adds.

President Obama appeared to be very aware of the shift in political winds during his state of the union address on 25 January. He never mentioned climate change. This contrasts with last year’s address, where ‘climate’ came up at least three times, including his proclamation that the US has ‘gone from a bystander to a leader in the fight against climate change’.

Nonetheless, in this year’s speech, innovation was a central theme, not environmentalism. Obama strongly reiterated his clean energy goals, devoting several minutes to the importance of green energy technologies. He called for increasing the nation’s research and development investments as a share of gross national product to its highest level in nearly 50 years. The US President also announced an aim to make clean energy, including wind, solar, nuclear, clean coal and natural gas, 80% of America’s electricity by 2035. In all, he said he wants to see an 85% increase in renewable energy with an eye toward making solar $1 a watt.

And while Obama may not be going after carbon dioxide emissions through cap-and-trade, he has made clear he is pursuing other methods. For one, he said he wants to end the $4 billion per year in tax subsidies to oil, gas and other fossil fuel producers. ‘I don’t know if you’ve noticed, but they’re doing just fine on their own’, he said, prompting laughter from Congress during the speech. The commitment is part of a G-20 pledge made in Pittsburgh in 2009 to phase out ‘inefficient’ fossil fuel subsides.

Further, Obama continues to pursue greenhouse gas restrictions through the Environmental Protection Agency, which has begun rolling out a series of rules under the federal Clean Air Act that require emitters to install best available control technology for greenhouse gas reduction. The authority of the EPA to impose such rules does face legal and Congressional challenges, however.

Should these initiatives continue — the removal of fossil fuel tax subsidies and EPA regulation of carbon dioxide — they still may not be enough, say some industry obeservers. Without a price on carbon, the playing field will continue to be unfair for renewable energy, they argue. Even if Congress passes a proposed national renewable energy standard (RES) — a requirement that a percentage of power come from renewable sorces — renewable energy may not ovecome the price inequity it faces. This inequity stems from externalities, like health care costs from polluted air, that fail to get factored into fossil fuel prices. In fact, a RES may heighten the problem, Smokelin says. ‘Without having a price on carbon, a RES is doomed to failure because renewables become just too expensive’.

California: A Game Changer

But is the U.S. really out of the game when it comes to carbon trading markets? Will individual states come to the rescue as they often do on green energy policy?

Already, 10 U.S. Northeastern states have a mandatory carbon cap-and-trade programme, known as the Regional Greenhouse Gas Initiative or RGGI. The initiative is too small, however, to have any significant impact on world carbon trading markets, in part, because it is confined to the power sector, capping its emissions at 10% by 2018.

But RGGI could be used as a prototype to exhibit the benefits offered through a market of its type, according to Stephen Cowell, chairman and CEO of Massachusetts-based Conservation Services Group. Under the RGGI model, about 80% of sales from allowance auctions go back to states for energy efficiency, renewable energy and other consumer benefits. The idea is to use allowance money to invest in technology that will reduce consumer energy costs. As of early 2011, the auctions had raised $775 million. While RGGI has not been without problems — some state governments diverted funds from clean energy to pay down their debt — it is largely seen as a cap-and-trade success story.

The message might spread if RGGI is described as cap-and-invest. ‘We undersold the benefits. We don’t articulate the true merits when we say “put a price on carbon” or just “cap it.” RGGI is the classic cap-and-invest strategy and the result is that total energy costs with RGGI are lower than without RGGI’.

RGGI may be too small to contribute significantly to a worldwide trading market; but California’s upcoming cap-and-trade market is not. The state’s voters expressed their continued support for the programme in the November 2010 elections by rejecting an attempt to delay it. About 60% of those voting turned down a measure that would have postponed cap-and-trade until state unemployment had dropped to 5.5% for four consecutive quarters.



The development of California’s carbon cap-and-trade scheme (Source: Point Carbon)

Now the state is clear to begin carbon trading effort in 2012. The programme is modeled after the European Union Emissions Trading System, and is expected to have a significant impact on world markets because of California’s size. California intends to reduce greenhouse gas emissions to 1990 levels by 2020 and secure 33% of its power from renewable sources by 2020. Different from RGGI, California’s cap is economy wide, meaning the cap applies to a host of emission sources, such as industrial processes, not just power.

California’s programme starts small, initially only encompassing power plants, and then gradually adding the other resources, until the emissions caps cover 85% of its economy. The Point Carbon chart (see below) shows how California’s cap expands over the years. It reveals that once emissions from transport fuels are included in 2015, the scope of the programme (and thus size of the carbon cap) nearly doubles.

After Europe, California will be the second largest carbon market in the world. Point Carbon expects it to be worth $1.7 billion dollars in 2012, the first year of compliance, grow to close to $10 billion by 2016, and possibly as high as $50 to $80 billion in 2020.

‘RGGI for all its good intentions is not regarded as something that will have global impact in terms of driving a carbon market. The California cap-and-trade programme, coming down the track like a freight train, I think is going to be very different,’ says Larry Goldenhersh, founder of Enviance, a company that offers information technology to companies worldwide to track and manage environmental assets, including carbon dioxide allowances.

Goldenhersh points out that with a population of about 37 million, California is home to one in nine Americans and is the world’s eighth largest economy. What’s impressive, he says, is that California’s voters decided to move forward with cap-and-trade during one of the nation’s worst economic downturns: ‘It is a very important example of a clear judgment of a large body of people in America who said that they will vote for the environment. That is real political will.’



The sheer scale of California’s carbon cap-and-trade will exert global influence (Source: E.ON)

Given California’s size and worldwide economic clout, it will force the US federal government to rethink its stand on a national programme, he adds, saying: ‘The eighth largest economy is going to tell the world what it thinks the price of carbon is. You can’t just ignore the eighth largest economy in the world. From a regulatory perspective it is very, very important. I don’t think this is going to be lost on the Congress one bit. I think there is going to be an immense amount of pressure to do something on energy and climate’.

CSG’s Cowell also remains confident that Congress may still act in favour of a carbon cap-and-trade initiative. ‘I’ve been at this for 30 years; it’s never too late. I’m not ready to throw in the towel. And as the President said, we have to invest the clean technology of the future. Or we will even more quickly fall behind countries that are seeing the future.’

So Is Cap-and-Trade Really Dead in the U.S.?

Two years ago it seemed likely the U.S. would join the EU and institute cap-and-trade. But political sentiment shifted radically. Two years from now the same could happen again with a turn back toward a market-based greenhouse gas reduction programme. For now, however, world excitement has ebbed about cap-and-trade, but not renewable energy, a resource that has successfully positioned itself as the solution, whether the problem is environmental or economic.

Campanha sobre Sustentabilidade

Este filme foi postado recentemente num site sobre sustentabilidade empresarial; o ABRAPROSUS.
Video institucional criado pela O2 filmes para o um banco - Titulo: Sustentabilidade Diretor: Rodrigo Meirelles Agencia: F/Nazca Criação: Márcio Alemão Fotog..vale a pena ver.
Satirazando situações e utilizando personagens caricaturais o filme aborda situações rotineiras que regularmente acontecem nos setores das empresas.Certamente voce vai reconhecer uma serie de pontos interessantes nele...erros e faltas de acertos...
Se voce trabalha em uma empresa que já implantou ou está em processo de implantação da cultura corporativa de Sustentabilidade dará boas risadas.


Sustentabilidade por Abidula

Políticas climáticas em risco nos Estados Unidos

Data: 16/03/2011 12:03
Por: Redação TN / Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil

Em uma decisão com alto poder simbólico, o subcomitê de Energia da câmara de deputados dos Estados Unidos aprovou a retirada da autoridade da Agência de Proteção Ambiental (EPA) de estabelecer regras para as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e também rejeitou o conceito de que o dióxido de carbono seja uma ameaça para a população. Agora, será a vez do Comitê de Energia e Comércio da Câmara votar, e com grande possibilidade aprovar, a mesma medida nas próximas semanas.

Tudo aponta para que o Congresso norte-americano, atualmente predominantemente republicano, deve mesmo reverter boa parte dos avanços climáticos nos Estados Unidos. Os republicanos, e alguns democratas, alegam que as decisões da EPA nada fizeram além de prejudicar a economia e afugentar indústrias para outros países.

“As regulamentações da EPA são tentativas de burocratas não eleitos pelo povo de implementar medidas impopulares como o mercado cap-and-trade, que já foi rejeitado pelo Congresso no ano passado”, afirmou o Fred Upton, presidente do Comitê de Energia e Comércio.

A EPA classificou em dezembro de 2009 os gases do efeito estufa como uma ameaça a saúde pública e o bem estar da população americana, o que permitiu que eles fossem incluídos no Clean Air Act. Dessa forma, a agência conseguiu chamar para si a responsabilidade de elaborar regras para controlar as emissões. O que foi aprovado pela Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos.

Uma das regras criadas prevê que a partir deste ano as indústrias e usinas de energia são obrigadas a obter permissões para a emissão de GEEs quando forem aumentar sua capacidade ou reequipar suas instalações. A EPA dará as permissões apenas para as empresas que demonstrarem que utilizaram as melhores tecnologias disponíveis na revitalização das unidades. Esta regra cobre grandes unidades industriais que são responsáveis por 70% das emissões provenientes de fontes estacionárias nos EUA.

Medidas desse tipo impulsionaram os opositores ao EPA a unir forças e agir para retirar da agência sua autoridade.Muitos republicanos alegam que o aquecimento global é apenas uma teoria e que nenhuma ação deveria ser tomada agora. Esta é a mesma posição dos inúmeros lobbies das indústrias de carvão, petróleo e de outros setores que vêm sendo afetados pelas decisões da EPA. Esses lobbies exercem grande influência nos congressistas e atuam abertamente para enfraquecer a agência.

Porém, para o deputado republicano Ed Whitfield, presidente do subcomitê de Energia, a questão principal não é a veracidade das mudanças climáticas e sim as ações da EPA.

“A nossa decisão não leva em conta se o aquecimento global é uma realidade ou não, apenas demonstra a insatisfação do Congresso com os rumos adotados pelo governo e principalmente pela EPA”, explicou Whitfield.

Faltou Coragem
As criticas à administração Obama não vem apenas dos republicanos, muitos aliados do governo acreditam que faltou empenho do presidente para fazer passar as leis climáticas e energéticas no ano passado ou ainda antes, quando ele tinha um grande apoio popular e contava com a maioria do Congresso.

“Nós nunca saberemos o que o presidente poderia ter conseguido...porque ele nem mesmo tentou!”, afirmou ao New York Times Joseph J. Romm, antigo oficial do Departamento de Energia e um dos mais influentes escritores sobre mudanças climáticas nos EUA.

Segundo Romm, Obama se tornou muito tímido com relação às políticas climáticas, o que fica claro nos atuais discursos do presidente, que raramente adotam as palavras “mudanças climáticas” ou “aquecimento global”. Obama prefere agora falar em “segurança energética”, “economia limpa” e “novas tecnologias”. Essa alteração de estratégia aconteceu depois do fracasso da legislação climática no ano passado. Obama passou de um ferrenho defensor de um cap-and-trade no estilo do mercado de emissões da União Européia, para apenas um incentivador de energias limpas.


Se a onda conservadora realmente conseguir retirar da EPA a independência de regulamentar as emissões de GEEs, nada poderá evitar que os Estados Unidos se tornem de uma vez por todas o grande obstáculo nas negociações climáticas internacionais que buscam um acordo global.

Calor devasta plantações de café na Colômbia

Publicado em março 16, 2011 por HC
Como a maioria dos pequenos proprietários de terras da região montanhosa e fértil de Cauca, na Colômbia, Luis Garzon, 80, e sua família prosperaram durante décadas fornecendo café Arábica, cultivado na sombra e sem prejudicar a floresta, para marcas estrangeiras como Nespresso e Green Mountain. Uma placa no centro de uma cidade próxima proclama: “o café de Cauca é o número 1!”

Mas nos últimos anos, a produção de café caiu aqui e em muitas outras regiões produtoras de café de qualidade da América Latina como resultado do aumento das temperaturas e de chuvas mais intensas e imprevisíveis, um fenômeno que muitos cientistas associam parcialmente ao aquecimento global. Reportagem de Elisabeth Rosenthal, The New York Times.

Os pés de café exigem a mistura exata de temperatura, chuvas e períodos de seca para que os grãos amadureçam apropriadamente e mantenham o sabor. As pragas do café se proliferam no clima mais quente e úmido. A produção de grãos na fazenda de Garzon caiu 70% em relação a cinco anos atrás, deixando a família com pouco dinheiro para comprar roupas para as crianças e pensando “duas vezes” se mandam os filhos mais velhos para a faculdade, disse o filho de 44 anos de Garzon, Albeiro, entrevistado numa casa de reboco amarelo decorada com posteres de café e madonas.

A falta de café Arábica de alta qualidade também está sendo sentida pelos supermercados de Nova York e pelas cafeterias de Paris, à medida que os consumidores se surpreendem com o aumento dos preços. Fornecedores temem que a produção de café Arábica da Colômbia nunca se recupere – que o mundo pode, na verdade, chegar ao “pico do café”.

Em 2006, a Colômbia produziu mais de 12 milhões de sacas de 60 quilos de café e estabeleceu uma meta de 17 milhões para 2014. No ano passado a produção foi de 9 milhões de sacas.

Marcas como a Maxwell, Yuban e Folgers aumentaram os preços de muitas variedades no varejo em 25% ou mais desde meados do ano passado, por conta do fornecimento escasso e dos preços mais altos no atacado. Os lucros de franquias de café de qualidade como a Starbucks e Green Mountain caíram.

Os títulos futuros do café Arábica, o grão de alta qualidade que vem principalmente da América Latina, aumentaram mais de 85% desde junho, para US$ 2,95 por 450 gramas, em parte por conta das preocupações com o fornecimento, clima extremo e qualidade futura, disse George Kopp, analista do International Futures Group in Chicago.

Mas enquanto os estoques dos melhores grão de café diminuem, a demanda global está aumentando à medida que as classes médias em ascensão de economias emergentes como o Brasil, a Índia e a China desenvolvem o hábito de tomar café.

“A produção de café está ameaçada por causa do aquecimento global, e a perspectiva para o Arábica em particular não é boa”, disse Peter Baker, especialista em café para o CABI, um grupo de pesquisa na Inglaterra com foco na agricultura e meio ambiente, observando que as mudanças climáticas, incluindo chuvas pesadas e períodos de secas, prejudicaram as plantações em muitas partes da América do Sul e Central.

Importante cientista do café, ele agitou os fóruns de comércio alertando, ao estilo de Cassandra, sobre a possibilidade de um “pico do café”, o que significa que, da mesma forma que com os estoques de petróleo, o suprimento de café pode estar fadado a um declínio inexorável a menos que os produtores façam esforços mais coordenados para expandir a produção globalmente.

A Associação de Cafés Especiais dos Estados Unidos alertou este ano: “não é implausível começar a questionar a própria existência dos cafés especiais.”

Os cafés Arábica e Robusta respondem por praticamente todo o consumo. Com seu sabor mais delicado e menor teor de cafeína, o Arábica é mais popular e mais caro, embora geralmente mais exigente em relação ao clima. A produção de Robusta é dominante na Ásia e África.

A Colômbia é o segundo maior exportador de café Arábica depois do Brasil, onde a produção é concentrada em fazendas maiores e mais mecanizadas, e continua crescendo.

A Federação de Produtores de Café da Colômbia diz que os preços altos dos fertilizantes também diminuiu a produção. Mas ela concorda com um relatório de 2009 da Organização Internacional do Café que concluía: “a variabilidade climática é o principal fator responsável pelas mudanças na produção do café em todo o mundo”.

As temperaturas médias na Colômbia aumentaram quase 1 grau Celsius em 30 anos, e em algumas áreas montanhosas o aumento foi o dobro disso, diz o Cenicafe, centro de pesquisa nacional sobre o café. A chuva nessa região foi 25% acima da média nos últimos anos.

Com as novas temperaturas altas, os botões das plantas abortam ou seus frutos amadurecem rápido demais para terem boa qualidade.

O calor também traz pragas como a ferrugem do café, um fungo devastador que não conseguia sobreviver no clima mais frio que existia antes na região montanhosa. As chuvas fortes danificam as delicadas flores do Arábica, e as secas de duas semanas que faziam com que a planta florescesse e produzisse grãos acontecem com menos frequência, dizem os fazendeiros.

Os grãos de Arábica levam cerca de sete meses para maturar.

“Meio grau pode fazer uma grande diferença para o café – ele é adaptado a uma zona muito específica”, disse Nestor Riano, especialista em agroclimatologia na Cenicafe. “Se a temperatura aumenta mesmo que um pouco, o crescimento é afetado, e as pragas e as doenças aumentam.”

Embora os cientistas do clima concordem que o aumento na temperatura é um sinal claro do aquecimento global e as temperaturas altas dos oceanos estão em geral associadas a tempestades mais frequentes, eles não sabem se os padrões de clima peculiares da área estão diretamente relacionados ao aquecimento, disse Stephen E. Zebiak, diretor-geral do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e a Sociedade na Universidade de Columbia.

“É difícil saber se esse clima severo representa uma flutuação natural ou é um sinal das mudanças climáticas, embora do ponto de vista de gerenciamento de riscos, há bons motivos para pensar em como lidar com esses eventos extremos”, disse Zebiak.

Na esperança de restaurar a produção de café, pesquisadores dos laboratórios do Cenicafe estão trabalhando numa missão que parece tão urgente para a Colômbia quanto a cura do câncer é para a pesquisa médica.

Agrônomos estão ensinando os fazendeiros a controlar as pragas que chegam com a mudança do clima. Climatologistas estão trabalhando para fornecer melhores previsões do clima local. Geneticistas estão criando plantas que são mais resistentes a doenças ou que podem aguentar chuvas torrenciais ou um ambiente mais quente.

A Federação de Produtores de Café aconselhou os fazendeiros a mudarem para uma variedade nova e mais resistente de Arábica que foi desenvolvida pelo Cenicafe durante as duas últimas décadas.

Embora a federação diga que ele tem o mesmo sabor das variedades tradicionais, os fazendeiros resistem porque não podem abrir mão do rendimento de uma safra anual enquanto esperam que as novas plantas amadureçam. Eles também temem que a mudança possa afetar o sabor.

O sabor, a qualidade e o fornecimento são temas delicados para um setor cujos aficionados são notoriamente exigentes. As companhias de café estão “trabalhando com os agricultores de toda a região para lidar com o impacto da mudança dos padrões do clima como resultado direto das mudanças climáticas”, disse Lisa Magnino, porta-voz da Starbucks.

A Starbucks já comprou café suficiente para durar até 2012, ela acrescentou.

Luis Fernando Samper, porta-voz da Federação de Produtores de Café da Colômbia, disse que os grãos que chegam às mesas de café da manhã nos Estados Unidos produzirão café com a mesma qualidade de sempre. O problema é para os agricultores colombianos, que estão produzindo bem menos grãos e “grãos mais imperfeitos” que não atendem aos padrões de exportação.

Durante décadas, disse Luis Garzon, que começou a plantar café aos 7 anos, o clima era seco de 1º de junho a 8 de setembro em Timbio. Há alguns anos, o clima diferente chegou.

“Pode começar a chover às 6 da manhã e continuar por 24 horas”, disse ele.

Primeiro, a produção caiu. Depois no ano passado, o fungo da ferrugem do café chegou à fazenda de Garzon, matando plantações inteiras.

“Nós aprendemos a lição”, disse ele, passando a mão nas folhas amareladas de algumas plantas doentes.

Agora, a família está plantando uma nova variedade mais resistente do Arábica, chamada castillo.

A federação do café espera que a inovação permita que os produtores mantenham o café Arábica caro nas mesas norte-americanas.

Enquanto isso, ela está criando um programa de certificação de “origem do produto” para os cafés colombianos, semelhante à que protege o queijo parmesão italiano. Dessa forma os importadores não ficarão tentados a substituir o café colombiano por grãos do Brasil ou da Indonésia.

Antonio Palocci assume comando da política de mudanças climáticas para pôr fim a divergências

Catarina Alencastro e Sergio Roxo

BRASÍLIA e SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) -

O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, assumiu o comando da pauta que vem ganhando mais destaque na área ambiental do governo: a política de mudanças climáticas, que, desde 2009, com a cúpula de Copenhague, rende ao Brasil prestígio internacional. A mudança de rumo no governo gerou inquietação nos dois principais ministérios que cuidam do tema: Meio Ambiente (MMA) e Ciência e Tecnologia (MCT). Nesta terça-feira, foi efetivada a primeira baixa no Meio Ambiente, com a saída da secretária nacional de Mudanças Climáticas, Branca Americano, a ser substituída pelo pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que falou nesta terça-feira a empresários e técnicos de governos estaduais, a ideia é acabar com as constantes divergências que a agenda climática causava entre os ministérios e obter sintonia. Visões conflitantes na Esplanada já causaram brigas e constrangimentos.

- Com a Rio+ 20, temos que tratar questões ambientais de forma diferente do que vínhamos tratando. Temos que ter uma estrutura de governança diferente. A mudança climática é o carro-chefe dessa discussão. Estamos trabalhando o melhor formato com o MCT e a Casa Civil sob um novo modelo de governança da agenda de clima, a pedido da Casa Civil e do ministro Palocci. A Casa Civil sendo o maestro, e o MCT e o MMA, os outros dois pés. Queremos acabar com as ilhas, para que haja convergência com a agenda nacional - disse Izabella.

Departamento agregará temas
No MMA, a secretaria será transformada num superdepartamento, que deverá se chamar Secretaria do Clima, que agregará novos temas, como políticas de combate ao desmatamento, conservação de biodiversidade e gestão de florestas e recursos hídricos. Na gestão do ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, em 2009, o MMA teve problemas com o Itamaraty e o MCT. Minc pressionava para que o Brasil tivesse metas de redução de gases, e as outras duas pastas defendiam posição mais conservadora.

Nas áreas que serão incorporadas pela nova secretaria, funcionários reclamam que Izabella não consultou os principais afetados sobre os novos rumos que seus trabalhos devem tomar.

Na Ciência e Tecnologia, técnicos que trabalham com mudança do clima resistem à proposta de reestruturação promovida com a nomeação do pesquisador Carlos Nobre para a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Para a conferência que acontecerá em Bancoc, em abril, uma das preparatórias para o encontro anual da ONU, o MCT ainda não tem uma equipe formada para enviar.

Uma das mudanças já anunciadas por Nobre atinge a menina dos olhos do ministério nesse setor: o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que credencia projetos que reduzem emissões a receberem créditos que podem ser negociados no mercado de carbono. A guinada responde a uma das principais críticas feitas por elaboradores de projetos que reduzem emissões: a de que o processo de aceitação dessas propostas é excessivamente burocrático.

- Vamos ter um novo olhar sobre o MDL. Vamos flexibilizar regras e torná-lo mais ágil. O Brasil tem condições de liderar, junto com a Escandinávia e a Alemanha, a transição para uma economia de baixo carbono - apontou o secretário.

Para o pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Adalberto Veríssimo, a decisão do governo de pôr a Casa Civil na coordenação da política climática do governo é uma boa notícia. Ele argumenta que o aquecimento global é um problema que atravessa diferentes áreas temáticas e, por isso, deve estar no topo da hierarquia do Executivo.

- A coordenação de Palocci sobre as mudanças climáticas está correta. Esse é um assunto transversal, que interessa a várias áreas, como Minas e Energia, Transporte e Agricultura. É uma tarefa que vai precisar de equilíbrio. O aquecimento global é um dos pilares da discussão desta década. Colocá-lo na Casa Civil é sinal de que o Brasil quer continuar avançando na área - disse.

Sobre as mudanças nos ministérios, Veríssimo disse que a entrada de Nobre “oxigena” o debate dentro do MCT, que, segundo ele, contava com quadros retrógrados.

- Senti o MCT e o MMA falando a mesma língua. Foi a primeira vez que vi isso acontecer - disse Veríssimo.

Marina faz críticas a licenciamentos

A ex-senadora Marina Silva (PV) criticou nesta terça-feira a ideia do governo federal de flexibilizar a concessão de licenciamentos ambientais para acelerar obras de infraestrutura. Ela falou antes de saber que Palocci cuidará da agenda climática.

- Vejo com preocupação essa história de mudar o processo de licenciamento ambiental. Acho que qualquer mudança dessa natureza, no sentido de flexibilizar, só vai agravar os problemas que estamos vivendo. O licenciamento tem um papel importante para reduzir e minimizar o impacto ambiental de uma obra - disse a candidata derrotada a presidente, após participar de aula magna do curso de pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos.

As propostas do governo serão implementadas por decretos que regularão o licenciamento de rodovias, portos, linhas de transmissão de energia elétrica, hidrovias e obras de exploração de petróleo do pré-sal.

Campanha alerta população para os riscos das doenças renais, que atingem 10 milhões de brasileiros

Publicado em março 11, 2011 por HC
A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) lançou ontem (10) a campanha Proteja Seus Rins, Salve Seu Coração, para marcar o Dia Mundial do Rim. Com um exame simples de urina para detectar a possibilidade de doenças renais, o mutirão está sendo feito em 400 locais do país. Em São Paulo, as pessoas que passaram pelo Parque da Aclimação na manhã desta quinta-feira puderam fazer o exame para detectar se precisam de tratamento ou não.



Segundo a SBN, estima-se que, no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas tenham algum grau de disfunção renal, o que aumenta a chance de problemas cardiovasculares, que resultam na morte de 17 milhões de pessoas por ano. Fazem parte do grupo de risco de doenças renais hipertensos, diabéticos, idosos e pessoas com histórico de doença renal crônica na família. “Os problemas renais podem ainda progredir para insuficiência renal crônica, levando à necessidade de diálise ou transplante de rim”, alertou a coordenadora nacional da campanha, Giana Mastroianni Kirztain.



o exame é feito com uma pequena quantidade de urina em uma tira reagente. Se a pessoa estiver perdendo proteína ou sangue na urina, o problema será detectado. “Aí, comunicamos à pessoa, que deverá repetir esse exame mais detalhadamente com seu clínico geral ou em algum posto de atendimento. O clínico geral pode fazer o diagnóstico e o acompanhamento com o nefrologista”, explicou.



A coordenadora da campanha disse ainda que é preciso se submeter a exames anuais, porque as doenças renais são silenciosas e têm sintomas iniciais inespecíficos. “Pode ter inchaço, urina com sangue, espumosa, pressão alta. Nas fases mais avançadas, náuseas, palidez sem explicação e, nas crianças, infecções urinárias de repetição. Mas não podemos esperar pelos sinais e sintomas porque eles podem ser tardios. O ideal é fazer exames frequentemente para detectar a doença, que seria o exame normal de urina e a dosagem de creatinina no sangue”.



Os dados apontam que 95 mil brasileiros dependem da diálise para sobreviver, mas apenas 10% recebem tratamento adequado. Segundo a SBN, a diálise é um tratamento diferente da hemodiálise, que exige o deslocamento do paciente pelo menos três vezes por semana ao hospital, porque na diálise o paciente é treinado a fazer o procedimento em casa.



Giana ressaltou que não há prevenção para as doenças renais, mas há formas de amenizá-las ou retardar a evolução. “Medidas como dieta saudável, exercício físico regular, não beber, não fumar e dieta indicada de acordo com a doença renal diagnosticada contribuem para que a pessoa tenha maior controle sobre a doença”.



A doente renal Maria Avessente, de 52 anos, contou que, aos 20 anos, percebeu que estava inchada e com dores. Segundo ela, a doença era tratada de forma equivocada até ser encaminhada ao Hospital São Paulo onde, finalmente, recebeu o diagnóstico de que um dos rins não funcionava mais.



“Nessa fase, a doença ficou agressiva demais e meu cabelo começou a cair, fiz diálise e, com o tratamento, melhorei. Fiquei em tratamento durante 23 anos e, em 2002, fiz o transplante do rim doado por meu irmão. O rim está normal, minha atividade é ótima agora. A doença é muito silenciosa e é difícil diagnosticar. As pessoas se dão conta quando ficam ruins mesmo. Hoje faço um trabalho voluntário na Associação de Pacientes Transplantados orientando as pessoas, conversando, ajudando com medicamentos”.



Associações pedem mais acesso à diálise e ao diagnóstico precoce



No Dia Mundial do Rim, comemorado ontem (10), associações representativas de doentes renais pedem mais serviços de diálise e a ampliação da estrutura para o diagnóstico precoce e transplante.



Para a presidente da Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil (Farbra) e integrante do Conselho Nacional de Saúde, Rosângela Santos, é necessário que os governos deem mais atenção à medicina preventiva, com o objetivo de identificar o mais cedo possível quem corre o risco de ter insuficiência renal ou outro tipo de doença do rim.



A atenção deve ser redobrada, segundo ela, em pessoas com hipertensão ou diabetes, grupos com grande chance de desenvolver a doença. “São necessários exames periódicos para identificar o desenvolvimento da doença renal, já que há perspectiva de uma epidemia”, afirmou.



Em Santa Catarina, o vice-presidente da Associação dos Pacientes Renais do estado, Humberto Mendes, também defende mais investimentos no diagnóstico precoce de doenças renais. Ele cita como exemplo o exame de creatinina, que é simples e barato e ajuda a identificar como está o funcionamento do rim. “O Estado precisa se voltar para a prevenção. Muita gente nem sabe quem procurar quando tem uma doença renal.”



No Pará, as unidades de saúde com serviços de diálise não têm sido suficientes para atender à demanda do estado. De acordo com a diretora e fundadora da Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará, Belina Soares, 280 pacientes estão na fila de espera por uma diálise. Em todo o estado, oito municípios dispõem do serviço, que se concentra na capital, Belém, segundo a diretora.



“O nosso apelo é para que os gestores públicos vejam a doença renal como um problema de saúde pública, uma epidemia”, disse Belina Soares. A assessoria da Secretaria de Saúde do Pará informou que já existe um projeto de expansão do serviço de diálise, previsto para ser concluído em 120 dias. O órgão admitiu que alguns aparelhos de diálise estavam parados desde a gestão anterior, mas que já estão sendo colocadas em funcionamento.



No Rio de Janeiro, a principal reclamação é a demora para conseguir um transplante de rim. O vice-presidente da Associação dos Doentes Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro, Alfredo Duarte, estima que um paciente espere, em média, seis meses até conseguir uma consulta para iniciar o processo de um transplante. Conforme dados da associação, 3,4 mil pessoas aguardam por um transplante de rim no estado. “A grande dificuldade é ser atendido”, afirmou Duarte.



A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, mas, até o fechamento da matéria, não recebeu retorno sobre as dificuldades enfrentadas na área de transplantes de rins.



Estima-se que um em cada dez adultos brasileiros tenha algum tipo de doença renal crônica, sendo que 60% desconhecem essa situação. Os principais sintomas são pressão alta, sangue na urina, inchaço nas pernas e no rosto, náuseas, vômitos, palidez e infecções urinárias recorrentes. De acordo com censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, de 2009, 77,5 mil brasileiros faziam diálise naquele ano. A maior parte (86%) era atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Reportagem de Flávia Albuquerque, Carolina Pimentel e Paula Laboissière, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/03/2011

Zeitgeist or in other words prepare yourself for the new Leviathan

Desmontar carros e reciclar tudo

WASHINGTON NOVAES
O Estado de S.Paulo - 11/03/11

O governo de São Paulo pretende, em dois anos, implantar as primeiras "desmontadoras de veículos" - informou este jornal (21/2) -, na tentativa de enfrentar o problema da "mobilidade zero" na capital, diagnosticado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Guilherme Afif Domingos. E começará pelos carros e motos reprovados na inspeção veicular e que tenham dívidas fiscais - cerca de 30% a 35% da frota total. Só nos pátios estão mais de 100 mil veículos apreendidos por irregularidades e dívidas.

Os números já não chegam a espantar. Na capital, são 7 milhões de veículos registrados. No País, 35,3 milhões, aos quais em cinco anos se deverão acrescentar 25 milhões. Em 2010 foram 3,5 milhões de carros novos vendidos (inclusive com isenção de impostos), compondo o quarto maior mercado mundial. Só a Polícia Militar aplicou, em 2010, quase 750 mil multas de trânsito na capital (ao todo foram mais de 6 milhões de infrações). Espera-se que este ano sejam 20% mais (Estado, 21/2) e que a receita com elas chegue a R$ 638,9 milhões. No ano passado, de mais de R$ 500 milhões de receita com multas, R$ 170 milhões foram concedidos em subsídios a empresas de ônibus, para "renovação da frota e compensações tarifárias".

Num panorama como este, com 45% das pessoas na capital se deslocando em automóveis (Estado, 10/9/2010), só se poderia mesmo chegar à saturação - e, afinal, à proposta de "desmontar veículos". Mas ela terá de ir além dos pátios repletos de veículos irregulares. E um bom exemplo pode ser encontrado pelas autoridades na Suécia, onde o ônus do "desmonte" e da reciclagem cabe aos proprietários dos veículos, e não ao Estado (e à sociedade toda). Nesse país, ao comprar um carro novo, o proprietário já paga por um certificado de reciclagem, que passará de mão em mão se o veículo for vendido. O proprietário que entender haver chegado a hora da reciclagem, leva o carro a uma empresa autorizada e recebe o valor desse certificado. A empresa começa por retirar todos os fluidos e óleos para reciclagens especiais; depois, tudo o que ainda pode ser utilizado (pneus, vidros, peças etc.) é vendido a terceiros, com garantia de prazo; em seguida, a carcaça é amassada e enviada a outra empresa, que a pica e destina os resíduos a fornos de siderúrgicas, base para asfalto de rodovias e outras aplicações. O país já faz isso com mais de 90% dos veículos que chegam ao fim da vida útil, e espera chegar em breve a 100%.

É um bom exemplo, que deveria ser levado, aqui, também a outras áreas de resíduos. Porque, apesar de acertos da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os avanços serão difíceis se não se implantar o princípio de que o ônus da solução deve caber a quem gera os resíduos - domiciliares, comerciais, industriais, da construção etc. E isso não está na lei. Ela dá prazo para que Estados e municípios façam seus planos diretores para a área e definam programas de coleta seletiva. Mas como se fará isso, se quase 60% dos municípios brasileiros (3.369, segundo o IBGE) nem sequer têm aterros e depositam resíduos em lixões, alegando falta de recursos? No Estado do Rio são 72 dos 92 municípios. Em São Paulo, 156 dos 645 municípios - e isso em dois dos Estados com mais recursos.

Há algum tempo calculou-se que implantar um aterro para 2 mil toneladas diárias custa R$ 350 milhões. Como o Brasil produz mais de 200 mil toneladas diárias de resíduos domiciliares e comerciais, isso significaria, a grosso modo, que precisamos de áreas equivalentes a mais de 100 desses aterros. Que custariam mais de R$ 35 bilhões. Como o PAC deste ano prevê um total de R$ 1,5 bilhão para a área de resíduos (se não houver contingenciamento), seriam mais de 20 anos só para implantar aterros. Sem falar nos investimentos necessários para a reciclagem em todos os municípios (prevista na PNRS para dentro de quatro anos). E para a implantação de logística reversa nos vários setores (pilhas e baterias; lixo eletroeletrônico; pneus; agrotóxicos; lâmpadas fluorescentes; vidros etc.).

É preciso repetir e insistir: só haverá solução se o gerador de resíduos pagar pela coleta e destinação - como se faz nos países que mais avançaram nessa área, principalmente na Europa. São Paulo chegou a criar uma taxa para os resíduos domiciliares e comerciais na administração Marta Suplicy, mas recuou (e a ex-prefeita chegou a dizer aos jornais que a criação da taxa foi seu "maior erro político").

Da mesma forma, a acertada decisão de dar preferência na política nacional a cooperativas de catadores (eles já seriam 1 milhão hoje) corre riscos, se não se avançar para a implantação de sistemas financiados em que elas disponham de equipamentos para a coleta (caminhões com espaços separados para lixo seco e lixo orgânico) e recebam das prefeituras por tonelagem coletada os mesmos valores hoje atribuídos a empresas que fazem esse trabalho.

É preciso, também, financiar para as cooperativas usinas onde o lixo orgânico seja compostado e transformado em fertilizante (utilizável em jardins, contenção de encostas etc.). O lixo seco, depois de separado na usina, pode ser transformado em telhas (a partir de massa de papel e papelão decompostos, revestida de betume); o PVC, em mangueiras pretas; o vidro pode ser moído e vendido a recicladoras, assim como o alumínio de latas.

Onde se fez isso, gerou-se muito trabalho e renda para uma corporação a quem o País já deve muito, pois, trabalhando de sol a sol, sem nenhuma proteção, ela encaminha a empresas quase tudo o que se recicla de papel, papelão, vidro, pet, alumínio e outros materiais. Em alguns lugares onde isso foi feito, o lixo encaminhado, no final, a aterros, foi reduzido a 20% do total - o que é enorme economia de recursos e de dinheiro para o poder público (e para a sociedade, que paga os impostos).

Se não for assim, corre-se o risco de o novo plano não avançar.

BRT; Win-Win-Win relationship

Sistemas BRT - Bus Rapid Transit é um modal onde todos ganham , o cidadão que se desloca de forma mais eficaz, o meio ambiente com a redução de emissões de poluentes, GEE  e residuos provenientes da operação;   a economia local que se beneficia do aumento da produtividade dos usuários.
Nasceu em Curitiba em 1974 com Jaime Lerner hoje está presente nas principais cidades do planeta e cada vez mais é adotado como solução para os complexos sistemas viários urbanos. 


Moving Beyond the Automobile: Bus Rapid Transit from Streetfilms on Vimeo.

Unsustainability! This is the “momentum”.

by Laercio Bruno Filho


The media always brings us information about global warming, dangerous gas emissions, exhaustion of natural resources, oil leakage, deforestation, armed conflicts. An upsetting scenario.

To preserve life with some dignity is a question of global interest and involves our future and the future of generations to come. However, questions related to sustainable development and land habitability, are more recent and less known or hardly ever approached as a subject by most people. And this should be different.

With the intention of encouraging the discussion and articulate the arguments needed to reflection, I introduce a theme which I find to be one of the most critic and complex themes when we talk about humanity and the ecosystems that grant its existence- the model of production and the way we consume it.

The current social economics model breakdown.

The current system results in a heavy political and socio-environmental responsibility. And it tends to get more serious in the long run, compromising the quality of life in the future.

The threat of breakdown of natural resources on account of the high and crescent demand for food and consumer goods connected to the deterioration of the trade relations between work and capital has resulted in a perverse enrichment of the minority, leading most to poverty.

That brought more distance between social classes and between nations. If we continue at this pace, the scenario will become aggravated.

On the climatic side, rivers are overflowing more frequently each time in Switzerland, Brazil, in the USA, in Germany and China. IPCC studies show that we are facing less “cold days” and more “hot days”. In the Arctic, the Andes mountain range and in central Europe, layers of ice and snow are melting.

On the economic one, English scientist Nicolas Stern reports in his study that, taking care of the climate on the planet would cost between 1 and 2 percent of the world’s GDP, but richer countries, the ones that pollute the most still hesitate in acting. The group of the “economically developed” is going through their worst financial crisis of the last 70 years, with high rates of unemployment. Countries are going bankrupt and they threat to bring good part of the Euro zone with them.


While we read this article, hundreds of people die from armed conflicts or from extreme poverty in Africa, Middle East and Asia.
Vectors that tend to evolve with no exception, for rich or poor countries.
Recent studies conducted by credited institutions show that, considering current consuming patterns from the world’s population today, we need 2.5 more planets Earth for it to handle its demand for food, leisure and comfort. We are talking about Ecologic Footprint, that’s how the indicator that shoes the effort of the planet to sustain current civilization is known for.

For us to have a better notion of the impact over the planet, it is interesting to observe that we took 300 thousand years to become 2.5 billion people in 1950. And since then until today, we raise our numbers and we are more than 6.7 billion human beings, consuming a lot of everything. So in only 60 years, the world’s population increased its numbers more than two times double and the consumption speed of those resources has also increased in a vertical leap.


The planet didn’t get warmer for nothing

Let’s consider that only a significant part of the world’s population, the one from the countries known as “emerging economies”, formed by chinese, indian, and Brazilians, wish, for example, to purchase a vehicle, a refrigerator, a microwave oven, a plane ticket, or even eat meat and fish. Desires, that are original and well deserved, which represent some consuming items and comfort in today’s average world.

Talking about the environmental consequences to support that demand in a singular way, this is what could happen.

• There would be a raise in the demand for fossil fuel. More extraction and refining to produce fuel to enable all logistics involved. Generated impact: a raise of the Greenhouse Gases (GEE) and Global Warming, contamination of the soil and hydric resources. Oil leakage happen during the extraction (BP: Gulf of Mexico) or storage (Petrobras/Baia da Guanabara-2000)

• Rise in the extraction of mineral for manufacturing of the steel needed to make the goods. Impact generated: soil degradation, silting of rivers and lakes, deforestation, they demand more energy and consequently more emission of greenhouse gases and other heavy pollutants into the atmosphere, rivers and oceans.

• The intensification of energy used for equipment operations in the production of durable and consuming goods. Impact generated: overload in the global temperature from the burning of fossil fuel and for the flooding of new areas, now forest areas, for the production of more hydrologic energy, increase in the toxic and nuclear residue.

• Rise of the demand in all raw material chain, workforce and secondary inputs for manufacturing, delivery logistics and usage of aggregate components like paper, plastic, steel. Impact generated: over exploration of natural resources and bigger exposal of the biomes to risk of exhaustion and extinction.

• Rise of the demand for food. Impact generated: Intensification of deforestation and degradation of the earth by the chain of agribusiness, exhaustion of the aquifers by inadequate methods of planting and irrigation. Just to mention a few of them.

However, for the exposal not to look just partial we have to consider that this is not only about a chain of destruction and a price that comes with it. There is also a parallel chain of construction and benefits and that allow us a comparative reflection about this relation.

Unfortunately this relation is marked by a profound unbalance, because the current socioeconomic regime, excluder, does not allow that most part of the population can use benefits like food, medication, technology and what is worse, those who can, spend a lot doing it.



In 2030 we will be 9 billion people on earth.

Is this the moment of a profound and extensive reevaluation needed from principles and current values, once the current civilization is getting close to the breakdown limit of its natural resources?

Most part of the borders to survival is already mapped. We already know what they are and where they are.

The most complex thing is what is left, to conceive which are going to be the new social environmental fundaments for an innovative global hegemony and which are going to be the viable economic paradigms for this new era.

How to conciliate the desires of a society that learned to worship the image of offer excess to a scenario of limitation and shortage in the future?


Kant and the Age of Enlightenment

The last great revolution of ideas that effectively changed the world was set in the first half of the 18th century with the Enlightenment, when there was a convergence of philosophic, social, political, intellectual and religious trends, resulting in a vast group of values and new structural and pragmatic principles that guided us until today.

We have become the evolution from that moment on and now we realize that we need another great era of transformation.

The great thinker Immanuel Kant defined: “The socio-environmental responsibilityrepresents the escape of human beings from the guardianship that they had imposed to themselves. The tutored are those who find themselves incapable of using reason regardless of the direction of others, and if guilty of their own guardianship, when it result not from a difficulty of knowledge but from the lack of resolution and courage to make use of this knowledge regardless of the direction of others. Sapere aude! Be courageous to use your own reason! – That is the motto of the Age of Enlightenment.”

And that is what we need.

Laércio Bruno Filho
Professor invited by MBA PECEGE from ESALQ/USP for the discipline of Agribusiness.


Coordinator and Relator for the Group of Studies of Carbon in Forests in the realm of the Volunteer Market at FIESP/ABNT, Member of the Group for Studies on Sustainability at CETEL/Business School São Paulo and Member of the Group for Studies on Ethics and Sustainability at CRA-SP.


Director of New Social Environmental Businesses and Coordinator of the Organizational Sustainability Program Management Technique and Coordinator of Sustainable Development for the Communities at eSENSE Company.


Informação & Conhecimento